Dos 406 deputados federais que votaram o projeto que suspende por três anos o pagamento da dívida do Rio Grande do Sul com a União, Eros Biondini (PL-MG) e Stélio Dener (Republicanos-RR) foram os únicos parlamentares contrários à proposta, que foi aprovada na Câmara nesta terça-feira, 14, e agora segue para o Senado. Os dois afirmam ter "errado" ou "se confundido" ao votar pela não suspensão da dívida.
O texto foi enviado pelo governo federal para aliviar a crise financeira do Estado gaúcho, que vive situação de calamidade pública devido às enchentes causadas por fortes chuvas nas últimas semanas. A suspensão da dívida por 36 meses permitirá a aplicação de R$ 11 bilhões em um fundo para o Estado se reconstruir após os danos que atingiram 446 municípios gaúchos.
Biondini usou as redes sociais na manhã desta quarta-feira, 15, para pedir desculpas e afirmar que o voto contrário se tratou de uma "confusão".
"Ontem (terça-feira) eu me equivoquei na hora da votação que tratava justamente da suspensão da dívida do Rio Grande do Sul. Apertei a opção trocada e quando fui corrigir já havia se encerrado a votação. Fiz a correção do voto na Mesa da Câmara e me desculpo publicamente, já que jamais qualquer um de nós votaria contra o nosso Estado do Rio Grande. Sou muito cuidadoso e minucioso na hora das votações, mas dessa vez me confundi e votei contrário ao que queria votar. Graças a Deus só eu errei, e por tanto isso não prejudicou o resultado. Aos meus irmãos gaúchos todo meu carinho, respeito, apoio e oração. Perdão!", escreveu o deputado de Minas.
O deputado que está em seu quarto mandato consecutivo já passou por PHS, PTB e PROS antes de se filiar ao PL, em 2022. Nascido em Belo Horizonte, Bondini é formado em medicina veterinária e é integrante da Renovação Carismática Católica, onde já atuou como cantor. Antes de compor o Legislativo federal, ele foi deputado estadual de Minas Gerais, eleito em 2006.
Na Câmara, foi autor ou co-autor de 49 projetos de lei em áreas diversas, como o texto que institui o "Dia Nacional do Terço dos Homens", comemorado no catolicismo; a proposta de um "Estatuto do Nascituro", conferindo direitos aos fetos; entre outras proposições, como instalação de equipamentos de segurança em pontes e apoio à ressocialização de dependentes químicos.
O outro parlamentar que votou contra a suspensão da dívida, Stélio Dener afirmou aoEstadãoque "infelizmente registrou o voto errado". O deputado pediu desculpas ao povo gaúcho e afirmou que se manteve em contato e à disposição para ajudar os parlamentares gaúchos.
"Justifico que houve uma falha de interpretação deste parlamentar quanto a orientação do partido, que na votação do item anterior havia alterado tal orientação e liberado a bancada. Neste processo, mantemos o voto não e, quando percebemos a falha, já não havia mais tempo de alterar o voto para sim. Comunico que já apresentei a declaração de voto sim e que tal documento já consta na tramitação do projeto de lei complementar", afirmou o parlamentar, em nota.
Dener é natural de Boa Vista (RR) e está em seu primeiro mandato na Câmara. O deputado e ex-defensor público, que iniciou sua carreira política em 2022, integra atualmente a Comissão Especial Prevenção e Auxílio a Desastres e Calamidades Naturais. Dener assina como autor ou co-autor 15 projetos de lei na Casa, também com temas diversos, como o que confere a Boa Vista o título de Capital Nacional da Paçoca de Carne com Farinha, o que prevê desconto nas tarifas de energia elétrica para Estados que a importem, entre outros.
O Estado gaúcho vive a maior tragédia climática de sua história, atingido por fortes temporais desde o dia 29 de abril. Segundo a Defesa Civil estadual, 446 dos 497 municípios gaúchos foram impactados e mais de 600 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas. Em consequência das chuvas, 149 pessoas morreram e 112 seguem desaparecidas.
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