O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comparou a sua inelegibilidade por oito anos, julgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com o episódio da facada sofrida por ele em Juiz de Fora (MG), em 2018, e fala em golpe contra a democracia. "Quem levou a punhalada não foi Bolsonaro. Foi a democracia brasileira", afirmou.
Em viagem a Minas Gerais, Bolsonaro seguirá no certame político mesmo sem poder candidatar-se a nada num futuro breve e afirmou ser um "cabo eleitoral de luxo" e que o Brasil "fica de luto". "Tenho certeza que foi um julgamento político", afirmou.
Acompanhado do deputado federal Domingos Sávio (PL-MG), o ex-presidente negou especular a possibilidade de o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, ou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, substituí-lo em 2026. "Por enquanto ainda é o Johnny Bravo", disse.
Bolsonaro afirmou que o TSE "trabalhou contra" ele. "Foi um massacre para cima de mim por parte de alguns setores da sociedade e também o TSE, que trabalhou contra. Os que trabalharam contra mim se gabam de uma vitória da democracia", disse.
Para ele, o Brasil "está no caminho para a ditadura" e que o País segue para uma nova vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2026, reforçando que uma eleição presidencial sem ele, seria uma vitória do petista por "WO".
"Estamos num caminho para uma ditadura. Eleições sem confronto não é democracia? Quem seria oposição ao atual mandatário em 2026? Até o momento, não tem nome. Seria quase como um WO", afirmou. "Respeitei a Constituição a contragosto muitas vezes. Não gostaria de me tornar inelegível. Levei uma facada nas costas por inelegibilidade por abuso de poder político. Não tenho adjetivo para responder."
O ex-presidente foi a Minas Gerais acompanhar o enterro do ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli.
Em tom inconformado, Bolsonaro voltou a fazer críticas duras contra o PT. Ele se referiu pelo menos duas vezes aos membros do partido como "petralhas". O ex-presidente também condenou o endosso de Lula e da sigla a ditaduras da Nicarágua, Venezuela em Cuba, em crítica à realização do 26.º Foro de São Paulo, iniciado nesta quinta-feira, 29.
No evento, que teve a participação de Lula, o chefe do Executivo elogiou os ditadores Fidel Castro e Hugo Chávez, que comandaram Cuba e Venezuela, respectivamente, e disse "se orgulhar" do rótulo de comunista.
O julgamento
O TSE tornou o presidente inelegível por 5 votos a 2. Com os incisivos votos da ministra Cármen Lúcia e do ministro Alexandre de Moraes, presidente da Corte eleitoral, o Tribunal enquadrou o ex-chefe do Executivo por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação em razão da reunião em que atacou as urnas eletrônicas diante de diplomatas.
Cármen Lúcia e Moraes acompanharam o voto do relator Benedito Gonçalves, assim como Floriano de Azevedo Marques Neto e André Ramos Tavares. Restaram vencidos os ministros Raul Araújo e Kassio Nunes Marques, alçado ao Supremo pelo ex-presidente.
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