O presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Hélio Doyle, compartilhou no seu perfil no X (antigo Twitter) uma postagem que diz que apoiadores de Israel são "idiotas". No último dia 7, o grupo terrorista Hamas atacou o território israelense, matando pelo menos 1.400 pessoas no país. Esse é um dos confrontos mais sérios dos últimos anos, após semanas de tensões crescentes na Faixa de Gaza. Nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para presidir o órgão em fevereiro, Doyle disse ao
que o compartilhamento se refere aos "ataques indiscriminados contra a população de Gaza". A mensagem compartilhada por Doyle é de autoria do cartunista e ativista político Carlos Latuff, postada às 21h22 desta terça-feira, 17, na rede social. Latuff afirmou: "não precisa ser sionista para apoiar Israel. Ser um idiota é o bastante". Hélio Doyle é jornalista e foi professor da Universidade de Brasília (UnB) por 28 anos. À frente da EBC desde 14 de fevereiro, tem salário bruto de R$ 34.895,78. Ao
Estadão, Doyle afirmou que defende a existência de Israel e de um Estado Palestino e a coexistência pacífica dos dois povos. Segundo o presidente da EBC, o compartilhamento da postagem representa um repúdio aos danos causados pela contraofensiva israelense. "Defendo a existência de Israel e de um Estado Palestino, conforme resoluções da ONU, e a coexistência pacífica entre israelenses e palestinos. Condeno a ocupação de territórios palestinos por Israel, assim como qualquer violência contra civis praticada por qualquer um dos lados. Isso significa que, em relação aos fatos recentes, condeno tanto o Hamas quanto o governo de Israel. Ao compartilhar o post, o apoio a Israel ao qual me refiro é quanto aos ataques indiscriminados contra a população de Gaza", afirmou Doyle. "Eu apoio totalmente a posição do presidente Lula e manter uma postura neutra pelo governo brasileiro é exatamente o que defendo e reforcei explicitamente como linha de atuação do jornalismo da EBC, como pode ser facilmente comprovado. O compartilhamento reflete minha posição acima, de protesto contra os ataques a civis, venham de um lado ou de outro. Talvez tenha também sido motivado pelo que considero hipocrisia dos que protestam justificadamente contra o ataque a israelenses, mas justificam os ataques a palestinos", disse. Ataques do grupo terrorista Hamas a Israel desde que os radicais palestinos assumiram o controle da Faixa de Gaza, em 2006, não são incomuns. Até o ataque do último dia 7, o recurso mais utilizado pelo Hamas para atacar Israel eram os foguetes lançados de Gaza contra o sul do país. Dessa vez, contudo, os terroristas se infiltraram no território israelense, matando indiscriminadamente civis em diversas cidades e fazendo reféns. Nesta terça-feira, o hospital Al-Ahli, na cidade de Gaza, que abrigava milhares de civis no fogo cruzado na região, foi alvo de uma explosão que deixou centenas de mortos e um número ainda desconhecido de pessoas sob os escombros. O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governado pela ala política do Hamas, responsabilizou o governo de Israel. O Exército israelense disse que o hospital não estava entre os seus alvos e responsabilizou a Jihad Islâmica, outro grupo palestino, por ter lançado mísseis acidentalmente contra o local. A explosão ocorreu em meio à piora da situação humanitária na Faixa de Gaza e afetou o esforço diplomático para amenizar a tensão na região. A visita do presidente dos EUA, Joe Biden, à Jordânia foi cancelada.
A orientação do presidente Lula é que a sua base se afaste do tema da guerra em Israel e foque esforços na pauta econômica. Mas na segunda-feira, 16, o diretório nacional do PT divulgou uma resolução sobre o conflito. O texto defende o fim das ações violentas e coloca no mesmo patamar os ataques do Hamas e a ação de Israel. O documento desagradou a Embaixada de Israel, que publicou uma nota oficial nas redes sociais. "Qualquer pessoa que pense que o assassinato bárbaro, a violação e a decapitação de pessoas é uma posição política, ou que se trata apenas de uma luta política legítima, possui uma extrema falta de compreensão da atual situação", diz a nota. "Deve ser feita uma forte separação entre a organização terrorista Hamas e os palestinos." Após a nota da Embaixada de Israel, o PT se manifestou novamente nesta terça-feira, classificando a interpretação do órgão sobre a resolução da sigla como "falsa e maliciosa". "Todos têm direito a defender seu povo, mas a busca por justiça não se confunde com vingança nem pode se dar por meio da Lei de Talião", diz o texto assinado pela presidente do partido, a deputada Gleisi Hoffmann (PR).
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