A Polícia Federal (PF) encontrou nesta quinta-feira, 8, na sala do ex-presidente Jair Bolsonaro na sede do Partido Liberal, em Brasília, um documento que pode implicá-lo ainda mais na estratégia de plano golpista. Trata-se de um suposto pronunciamento que Bolsonaro iria fazer à nação, em rede nacional, detalhando os motivos e argumentos para a decretação de um estado de sítio e uso da Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
O advogado Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo de Jair Bolsonaro, que agora defende o ex-presidente, disse que o documento é "apócrifo" e que o padrão "não condiz com tradicionais e reconhecidas falas e frases" de Bolsonaro.
"Não tem limite a vontade de tentar trazer o presidente Jair Bolsonaro para um cenário político que ele jamais concordou", reagiu Wajngarten.
O rascunho aumenta as suspeitas sobre a participação do ex-presidente em articulações golpistas, em suposto conluio com oficiais de alta patente das Forças Armadas.
Antes da apreensão, a PF já tinha indicativos de que Bolsonaro editou o texto de uma minuta de decreto de golpe para anular o resultado das eleições e prender o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que conduz as investigações.
A Polícia Federal também encontrou, em um computador apreendido com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, a gravação de uma reunião entre Bolsonaro, seus ministros e assessores, em julho de 2022, em que o presidente cobra dos auxiliares iniciativas para desacreditar as urnas eletrônicas. "Eu vou entrar em campo usando o meu exército, meus 23 ministros", afirma Bolsonaro.
O material faz parte da investigação da Operação Tempus Veritatis (a hora da verdade, em latim), que mirou aliados do ex-presidente suspeitos de envolvimento na empreitada golpista. Entre os alvos da PF, estão o próprio Bolsonaro, Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil), Augusto Heleno (ex-ministro do GSI), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Valdemar Costa Neto (presidente do PL), Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Almir Garnier Santos (ex-comandante da Marinha).
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