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Órgão que tenta barrar 'boiada' no ambiente levou à briga de aras

Por trás do soco na mesa e da marcha do procurador-geral da República, Augusto Aras, em direção a um opositor no Conselho Superior do Ministério Público Federal, na terça-feira, 24, está uma disputa pelo controle de um colegiado que incomoda o governo Jai

Luiz Vassallo e Marcelo Godoy (via Agência Estado)

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Escrito por Luiz Vassallo e Marcelo Godoy (via Agência Estado)
Publicado em 27.05.2022, 08:08:00 Editado em 27.05.2022, 08:13:59
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Por trás do soco na mesa e da marcha do procurador-geral da República, Augusto Aras, em direção a um opositor no Conselho Superior do Ministério Público Federal, na terça-feira, 24, está uma disputa pelo controle de um colegiado que incomoda o governo Jair Bolsonaro.

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Motivo da contenda, a 4.ª Câmara de Coordenação e Revisão é responsável por fiscalizar investigações e orientar procuradores em todo o País na área ambiental e, assim, tentar barrar o que se convencionou a chamar de passagem da "boiada" no setor - referência a uma fala do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, durante reunião ministerial, em que disse que era preciso aumentar a desregulamentação de leis ambientais e "passar a boiada".

O órgão é formado por dois membros titulares eleitos pelo conselho e tem o coordenador indicado pelo procurador-geral. Aras escolheu, em seu primeiro mandato, o subprocurador-geral Juliano Baiocchi Villa-Verde de Carvalho, que também é fazendeiro. Carvalho já se declarou a favor, por exemplo, da Medida Provisória 910, de Bolsonaro, que foi apelidada por ambientalistas de "MP da Grilagem". O texto afrouxou normas sobre a regularização de terras públicas invadidas.

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No mandato anterior, cujo coordenador era o subprocurador-geral Nívio de Freitas, integrantes da câmara apoiaram um manifesto contra o texto do governo. Foi para cima de Freitas que Aras partiu nesta semana. Procurada, a Procuradoria-Geral da República (PGR) não se manifestou.

Arquivamento

Em abril de 2021, a 4.ª Câmara barrou o arquivamento de um inquérito contra o então presidente do Ibama, Eduardo Bim, por improbidade administrativa em razão de suposta liberação de exportação de madeira sem fiscalização. Este foi um tema sensível para Aras.

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Paralelamente, naquela época, corria em sigilo na Polícia Federal, a Operação Akuanduba, que levou, em maio, ao afastamento de Bim do cargo, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O teor da investigação era o mesmo: a liberação de madeira ilegal.

Sob a condição de reserva, integrantes da 4.ª Câmara afirmaram ao Estadão que Aras nunca conseguiu dominar o colegiado, já que foram eleitos dois titulares e suplentes da oposição. Mesmo assim - segundo um procurador, que preferiu a condição de anonimato -, por Carvalho dominar o que é pautado para discussão, a câmara não tem sido proativa em elaborar recomendações sobre temas sensíveis ao ambiente e ao governo.

Pacote

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Aras tem demonstrado alinhamento a Bolsonaro na pauta ambiental. No julgamento do chamado "pacote verde", que reunia ações contra medidas do governo no Supremo, defendeu a manutenção de um decreto que esvaziou a participação da sociedade civil no Fundo Nacional do Meio Ambiente.

Presidente da Comissão Especial de Mudanças Climáticas e Desastres Ambientais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a advogada Marina Gadelha afirmou ser "natural que, além do membro que o PGR indica, ele tenha interesse de formar toda a câmara, ou a maioria dela."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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