O desembargador Ivo de Almeida, do Tribunal de Justiça de São Paulo, pediu à Polícia Federal que marque data para seu depoimento nos autos da Operação Churrascada - investigação que põe o magistrado sob suspeita de ligação com esquema de venda de sentenças. Ele alega que já se passaram mais de 20 dias desde a deflagração da operação e ainda não foi ouvido.
A petição, subscrita pelos advogados que representam Ivo - os criminalistas Átila Machado e Luiz Augusto Sartori de Castro - é endereçada à Delegacia de Repressão à Corrupção e a Crimes Financeiros, braço da PF.
Aos 66 anos, desde 1987 na carreira, Ivo de Almeida é presidente afastado da 1.ª Câmara de Direito Criminal do TJ. Seu afastamento do cargo, por um ano, foi decretado pelo ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça.
A Operação Churrascada fez buscas no gabinete e na residência do desembargador. Os agentes apreenderam celulares, computador e R$ 170 mil em espécie.
As suspeitas indicam que Ivo teria mantido 'rachadinha' com funcionários da Câmara Criminal e até acertado receber R$ 1 milhão para favorecer um aliado de Fernandinho Beira Mar, narcotraficante que está preso sob segurança máxima. O ajuste não foi concretizado, segundo os investigadores, porque haveria necessidade de corromper pelo menos mais um desembargador.
Os advogados Átila Machado e Luiz Augusto Sartori de Castro informaram que ainda não tiveram acesso aos autos da Operação Churrascada. Eles destacam na petição à PF que o desembargador 'elucidará todos os fatos, rechaçando qualquer pecha de ilicitude que possa recair sobre sua conduta'.
Ao Estadão, os criminalistas sustentam que Ivo de Almeida jamais participou de venda de sentenças e que todas as suspeitas são improcedentes. "Isso ficará amplamente provado. Ivo de Almeida é um desembargador correto, inocente, um homem de bem. Quando ele for ouvido todas as suspeitas serão eliminadas", afirma Átila Machado.
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