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O empresário e ex-marxista no projeto de Moro

Eles têm ideias semelhantes, mas nem sempre foi assim. Um dos principais articuladores da pré-campanha do ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) à Presidência da República, o senador e colega de partido Oriovisto Guimarães, de 76 anos, já esteve do outro lado da p

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 13.02.2022, 08:19:00 Editado em 13.02.2022, 08:24:31
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Eles têm ideias semelhantes, mas nem sempre foi assim. Um dos principais articuladores da pré-campanha do ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) à Presidência da República, o senador e colega de partido Oriovisto Guimarães, de 76 anos, já esteve do outro lado da política. Contemporâneo do petista José Dirceu, participou de movimentos estudantis contra a ditadura militar e chegou a ser preso, tachado de comunista.

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O ano era 1968. "Todo mundo que era contra a ditadura naquele tempo era ligado a partidos de esquerda, oficiais ou não. A gente discutia marxismo, uma série de coisas. Eu compartilhava dessas ideias, mas quando casei e nasceu o primeiro filho, tive de começar a trabalhar e entendi que aquela história não dava certo", conta o senador mais rico do Congresso. De marxista, virou liberal e milionário, com fortuna declarada de R$ 240 milhões em bens.

A prisão ocorreu no histórico 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Ibiúna, no interior de São Paulo. Cerca de mil jovens foram detidos pela Força Pública e encaminhados para a capital. Guimarães tinha 23 anos e estava na lista. "Ficamos cerca de uma semana no presídio de Tiradentes, no centro. Ameaçaram me dar umas cacetadas, mas não cheguei a ser torturado. Depois, já de volta ao Paraná, tentamos fazer um novo congresso e foi aí que me livrei por um golpe de sorte. Os agentes descobriram que faríamos uma reunião preparatória. Todos que estavam lá foram presos por dois anos. Eu não consegui ir e, por isso, escapei."

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Com a edição do AI-5 e o início da fase mais violenta da repressão militar, Oriovisto resolveu deixar a política de lado. Fichado no Departamento de Ordem Política e Social (Dops), não pôde usufruir de uma bolsa de estudos em Harvard (teve o passaporte retido) nem sua mulher pôde seguir a carreira como professora de história. Filho mais velho de oito irmãos, passou a dedicar-se à vida empresarial e, em 1972, abriu um cursinho preparatório para o vestibular que virou um império em Curitiba.

A aposentadoria da empresa veio em 2013 e com ela o interesse em voltar à cena política. Cinco anos depois, incentivado pelo amigo Alvaro Dias (Podemos-PR), aceitou ser candidato ao Senado pelo Podemos. Defensor da Lava Jato, e fã declarado de Moro, foi eleito com quase 3 milhões de votos na onda bolsonarista.

Desde então, segue na defesa do que classifica como valores éticos e essenciais para o desenvolvimento do País. Na lista, a prisão em segunda instância, o fim do foro privilegiado e a reforma do Judiciário.

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Atualmente, uma de suas prioridades é aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que regulamente as decisões monocráticas de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e demais tribunais. O texto, rejeitado no Senado em 2019, foi reapresentado ano passado e prevê que as decisões cautelares não poderão ser monocráticas nos casos de declaração de inconstitucionalidade, suspensão de eficácia de lei ou atos normativos, como decretos.

Reforma do judiciário

São esses temas relativos ao Judiciário que aproximam o "ex-comunista" de Sérgio Moro. "Defendo a reforma que ele sugere. Não sei detalhes do plano, mas sei que é preciso fazer alguma coisa nesse sentido. Um juiz não pode resolver sozinho derrubar uma lei aprovada por todo o Congresso", diz.

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Mas, apesar de aliado, Oriovisto afirma que não considera Moro um "salvador da pátria". "Ele tem uma bela formação universitária, grau de cultura muito alto, histórico de vida séria. Mas sei que ele não é um salvador da pátria e não sei se vou concordar com tudo o que ele pensa. Uma vez perguntei a ele no Senado porque juízes têm 60 dias de férias e ele se enrolou todo para responder."

Crítico ao aumento do fundo eleitoral, afirma que não dará um "tostão" a ninguém nestas eleições. Nem à campanha de Moro. "Com essa quantia absurda de dinheiro público, por que dar mais dinheiro aos políticos?", pergunta.

Sobre as chances do ex-juiz, Oriovisto é mais contido. "As coisas só vão tomar rumo a dois, três meses das eleições. Se Moro desistir, vai ser aos 45 do segundo tempo. Mas se for ao segundo turno, acho que está eleito."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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