O prefeito Ricardo Nunes (MDB) escolheu o secretário municipal da Fazenda, Ricardo Torres, para ocupar a vaga aberta do Tribunal de Contas do Município. A indicação será formalizada ainda nesta sexta-feira, 16, mas vai depender de aprovação da Câmara Municipal, cujo presidente, vereador Milton Leite (União Brasil), pleiteava o posto para um de seus filhos.
Apesar dos recados recebidos por interlocutores de Leite ao longo das últimas semanas, Nunes não cedeu à vontade do vereador, que ocupa papel importante da sustentação do governo. A aliados, o presidente da Casa sinalizava o desejo de ver Milton Leite Filho, que é deputado estadual, no posto de conselheiro, cargo vitalício com salário mensal de R$ 35 mil e uma série de privilégios, como aposentadoria integral.
A vaga se abriu no final de maio com a aposentadoria compulsória de Maurício Faria, indicado pela então prefeita Marta Suplicy, em 2002. Com uma série de obras paralisadas pelo TCM, Nunes vê na indicação de Torres no órgão uma chance de influenciar mais diretamente nas decisões tribunal que, na semana passada, suspendeu outro projeto tido como prioritário: a construção de cinco CEUs.
Torres venceu a disputa interna que Nunes abriu entre nomes de seu secretariado. Marcela Arruda, responsável pela pasta de Gestão, era a preferida do prefeito, mas não teria o apoio necessário entre os vereadores pela pouca experiência política. Além disso, segundo o Estadão apurou, ela viajou em férias para os Estados Unidos, desagradando Nunes.
Ao negar pedido de Leite, o prefeito, no entanto, desagrada Milton Leite, figura essencial para a manutenção da aliança partidária que hoje aprova todos os projetos enviados pelo Executivo à Câmara e também para as eleições de 2024. O prefeito espera contar não apenas com o apoio do União Brasil em sua campanha de reeleição, mas também com o PL, PP e Republicanos, siglas muito próximas de Leite em São Paulo.
Procurado, o presidente da Câmara apenas afirmou não comentar especulações. Já Nunes tem dito que a relação entre eles é "muito boa", "respeitosa" e que a indicação ao TCM não tem potencial para atrapalhar a parceria.
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