Após dois meses estacionado em 67%, o nível de estabilidade do governo subiu para 70%, de acordo com a pesquisa Risco Político de junho, da agência de Relações Governamentais e Relações Públicas BCW Brasil. "A aliança repentina entre Legislativo e Executivo mostrou-se suficiente para aprovar a Medida Provisória da Esplanada, mas para agendas futuras, está condicionada ao capital político do presidente e à disponibilidade de orçamento", trouxe o levantamento.
A governabilidade e o capital político seguem em xeque, de acordo com a BCW, já que o governo passa por um momento delicado de governabilidade. "O último mês exigiu habilidade além das expectativas iniciais do mandato. Pautas importantes, como o arcabouço fiscal e a reforma tributária, estão pendentes de deliberação e a aprovação da MP da Esplanada deixou claro que o modelo imaginado por Lula precisará ser repensado."
O relatório ressaltou que o presidente da Câmara, Arthur Lira, sinalizou que o apoio do Centrão ao governo não se dará por meio de cargos, mas sim pelo acesso a emendas parlamentares ao Orçamento. "Lula, que iniciou o ano com a perspectiva de uma reprodução do modelo de presidencialismo de coalizão, tem falhado em avançar nas agendas prioritárias. Lira, após o orçamento secreto, não tem intenção de retornar a esse tipo de negociação", trouxe o texto.
Apesar de o governo ter conseguido um quórum expressivo na primeira etapa de votação do arcabouço fiscal, a BCW salientou que é importante considerar que a liberação de cifras maiores que R$ 1 bilhão na forma de emendas parlamentares pode comprometer uma avaliação mais precisa da base de apoio. "Da mesma forma, os votos contrários de partidos de esquerda na agenda governista não foram computados." Por outro lado, seguiu a empresa, é válido ressaltar que o governo conta com uma posição consolidada de 95 parlamentares, votos que ele nunca poderá contar.
Economia
A BCW também enfatizou que os desafios econômicos persistem. Apesar de ter encerrado o primeiro trimestre com resultados positivos, o índice de emprego perde quase todos os ganhos do trimestre e permanece oscilando em um patamar baixo, indicando que o ano será desafiador devido à desaceleração econômica global, uma política monetária restritiva e inflação. "A sequência de quedas na inflação, acima do esperado, juntamente com uma avaliação da renda no nível mais alto em oito anos, tem levado os consumidores a ficarem mais dispostos a consumir." Apenas os consumidores de alta renda mostraram queda na confiança.
O relatório ponderou, no entanto, que o endividamento elevado ainda limita a capacidade de consumo. Como resultado, a confiança do comércio registrou a sexta queda consecutiva, chegando ao patamar de 1,5% em comparação com abril. O cenário caracterizado por uma fraca intenção de consumo e alto custo financeiro das famílias tem limitado a expansão das empresas.
Ambiente
Desafios políticos também colocam em risco a agenda ambiental, de acordo com a BCW, ainda que tenha citado o reconhecimento do Reino Unido pelo trabalho do presidente Lula. Um dos obstáculos para aumentar os investimentos internacionais era a redução do desmatamento, que, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), diminuiu.
O governo também anunciou que a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) será realizada em Belém, Pará, em 2025. "No entanto, o governo enfrenta alguns obstáculos que podem gerar contradições em seu discurso de sustentabilidade no curto prazo, como a exploração de petróleo na Bacia do Foz do Amazonas, que já foi negada pelo Ibama e está sendo apelada pela Petrobras. Além disso, a dificuldade de diálogo com o Congresso tem levado ao enfraquecimento da 'ala verde' do governo, que está sendo reduzida em favor dos interesses da bancada ruralista, principalmente com a transferência da responsabilidade do Cadastro Ambiental Rural (CAR) do Ministério do Meio Ambiente."
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