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Ministério da Saúde gastou quase R$ 1 milhão em evento com dança erótica

O Ministério da Saúde gastou pelo menos R$ 973.173,14 para organizar o evento "Em Prosa - 1º Encontro de Mobilização da Promoção da Saúde no Brasil", ocorrido em Brasília nos dias 4 a 6 de outubro de 2023. O encontro foi criticado graças ao vídeo de uma d

Tácio Lorran e André Shalders (via Agência Estado)

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Escrito por Tácio Lorran e André Shalders (via Agência Estado)
Publicado em 11.10.2023, 11:31:00 Editado em 11.10.2023, 11:35:02
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O Ministério da Saúde gastou pelo menos R$ 973.173,14 para organizar o evento "Em Prosa - 1º Encontro de Mobilização da Promoção da Saúde no Brasil", ocorrido em Brasília nos dias 4 a 6 de outubro de 2023. O encontro foi criticado graças ao vídeo de uma dançarina fazendo uma performance de dança erótica no centro do palco ao som do hit

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Batcu

, da drag queen Aretuza Lovi. Os gastos constam de documentos internos da pasta obtidos pelo Estadão. O evento gerou fortes críticas da oposição. Nas redes sociais, grupos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegaram a promover a hashtag "Viva o CUS" como forma de ironizar o episódio. Na sexta-feira (11), o Ministério da Saúde informou ao site

Metrópoles

que o cachê do grupo responsável pela apresentação erótica custou R$ 2 mil. A performance era uma apresentação de voguing, um estilo de dança surgido nos EUA e que se popularizou na década de 1980. O valor de quase R$ 1 milhão foi pago à GUC Agência de Eventos, uma empresa sediada no bairro do Botafogo, no Rio de Janeiro. O preço inclui hospedagem e alimentação (café da manhã, almoço e janta) para os participantes, além do aluguel de cadeiras, mesas de som, iluminação e da contratação de brigadistas, garçons, auxiliares, recepcionistas e das próprias companhias de dança. O espaço escolhido foi o Centro Internacional de Convenções de Brasília (CICB), um dos maiores da cidade. O encontro foi realizado pelo Departamento de Prevenção e Promoção da Saúde da Secretaria de Atenção Primária à Saúde, em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Após a repercussão nas redes sociais, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou a demissão do diretor de Prevenção e Promoção da Saúde, Andrey Roosewelt Chagas Lemos - segundo a ministra, ele assumiu a autoria dos fatos. O processo interno do Ministério da Saúde mostra que a produção do evento teve a participação de Andrey - é dele o primeiro ofício sobre o assunto, encaminhado em 14 de setembro. No entanto, todas as etapas do processo contaram com a aprovação do superior hierárquico dele, o secretário de Atenção Primária à Saúde, Nésio Fernandes de Medeiros Júnior. A ministra Nísia Trindade não é mencionada ao longo das 76 páginas do processo administrativo. Também chama a atenção a rapidez com que o processo se desenrolou: o processo burocrático teve início no dia 14 de setembro, e as atividades começaram em 4 de outubro. O Ministério da Saúde foi procurado pela reportagem do

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Estadão

na última sexta-feira (6), mas não houve resposta até o momento. Em nota, a pasta disse "lamentar pelo episódio isolado, que não reflete os propósitos do debate sobre a promoção à saúde". "O Ministério da Saúde esclarece que o 1º Encontro de Mobilização para a Promoção da Saúde no Brasil tem o objetivo de apoiar a implementação da Política Nacional de Promoção da Saúde, com momentos dedicados à diversidade cultural, e contou com a participação de 07 grupos artísticos durante os intervalos", diz a pasta.

'Determinantes sociais'

A leitura dos documentos internos do ministério também não deixa claro como exatamente as atividades do evento se relacionam com a atenção básica à saúde. "Neste sentido, os encontros de gestores e colaboradores na implementação de políticas públicas, busca (sic) promover a articulação intra e intersetorial, estimular e impulsionar os demais setores a fortalecer seu compromisso com as políticas que contribuam com a construção de territórios e municípios saudáveis e sustentáveis, sem perder de vista a multiculturalidade e as especificidades presentes nos grupos e comunidades, considerando os fatores de risco, as condições de vulnerabilidade e as potencialidades dos territórios na formulação e articulação local para a formulação de políticas, compartilhando responsabilidades e compondo a agenda política e social de transformação da sociedade", diz um trecho. "Acreditamos que o encontro se configure em agenda estratégica, uma vez que reforça a importância da promoção da saúde na recomposição da agenda política e social de transformação da nossa realidade em cuidado e de sustentabilidade da sociedade brasileira", conclui o documento do Ministério da Saúde.

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