Cerca de 80 militares do Exército e da Guarda Presidencial compareceram à Academia da Polícia Federal (PF) em Brasília nesta quarta-feira, 12, para prestar depoimentos sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. A PF investiga a participação de militares nos atos e também a ação do Batalhão da Guarda Presidencial no dia em que extremistas invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.
A lista de depoentes inclui o general Gustavo Dutra, que foi exonerado do cargo de chefe do Comando Militar do Planalto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na última terça-feira, 11. A decisão publicada no Diário Oficial da União (DOU) acontece em meio às acusações de que o BGP teria sido omisso no combate às invasões do 8 de janeiro, quando golpistas tomaram e depredaram o Planalto.
Dutra era o chefe do CMP na ocasião e teria impedido o desmanche do acampamento instalado em frente ao Quartel-General da Força na capital, e a prisão dos radicais imediatamente após os ataques. No dia 8 de janeiro, a Guarda Presidencial e o Exército não conseguiram evitar a invasão do Palácio do Planalto pelos golpistas. O prédio da Presidência foi um dos que mais sofreu com os ataques dos invasores, que destruíram obras de arte e roubaram equipamentos do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
As oitavas são conduzidas pela PF com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro-relator do inquérito do 8 de janeiro, Alexandre de Moraes, considerou que o envolvimento de militares na tentativa de golpe deve ser entendido como crime comum, portanto de competência da PF.
Diferentemente do trâmite normal, os militares não foram direcionados à sede da PF, no centro de Brasília, para prestar seus depoimentos. A academia da corporação conta com estrutura maior do que o prédio sede, o que permitiria a oitava de todos os 80 militares em um só dia. O local é o mesmo para onde foram levados os mais de 100 presos que estavam acampados em frente ao Quartel General do Exército no dia seguinte à invasão de prédios em Brasília.
No início da tarde desta quarta, a reportagem do Estadão identificou a entrada de caminhões e viaturas dos Exército na academia da PF.
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