A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro usou seu perfil no Intagram para se manifestar pela primeira vez sobre as acusações de que teria se apropriado de parte do salário de uma amiga empregada no Senado Federal, supostamente configurando a prática de "rachadinha". Michelle publicou uma foto exibindo, segundo ela, todos os comprovantes de compras pessoais feitas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e lamentou a "traição de alguém que estava do seu lado".
"Como Deus é bom e não nos deixa enganados de absolutamente nada. Temos todos os áudios do ex-funcionário que insinuava que eu estava recebendo 'propina' de minha amiga na matéria publicada no dia de hoje. Ele sabe muito bem que ele ia deixar roupas, acessórios que eu emprestava para ela e, na última vez, ele trouxe um pijama de presente de Natal", defendeu-se. Segundo a ex-primeira-dama, todos os comprovantes de compras pessoais feitas nos quatro anos de governo, exceto a sua troca de silicone, estão sob sua guarda. "Só não tem o da troca de silicone porque o meu médico não cobrou", escreveu.
De acordo com reportagem publicada pelo portal Metrópoles, funcionários da sede do governo e da residência do casal relataram fluxos de dinheiro vivo entre o Palácio do Planalto e o Palácio da Alvorada para custear despesas de Michelle e de parentes. Mensagens obtidas pelo portal apontam que o tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Cid, que era ajudante de ordens do ex-presidente, seria o responsável pela entrega de envelopes de dinheiro enviados por Rosimary Cardoso Cordeiro, amiga íntima de Michelle.
Na lista de despesas supostamente pagas com regularidade por Cid estava a mensalidade do curso da meia-irmã da ex-primeira-dama Geovanna Kathleen. Todos os combinados seriam feitos por WhatsApp.
Em janeiro de 2021, de acordo com a reportagem, um assessor do Alvorada pediu que para Cid transferisse R$ 3 mil para a primeira-dama. "Boa tarde, cel. Dona Michelle pediu pro senhor transferir 3.000 pra conta dela!", diz a mensagem obtida pelo portal. Segundo a denúncia, a equipe de Cid fazia depósitos em espécie, diretamente na boca do caixa, quando tinha de enviar recursos à conta pessoal da primeira-dama.
Os relatos afirmam que Rosimary enviava encomendas regulares, por meio de envelopes, pelos quais era possível identificar o repasse de dinheiro em espécie. A suspeita entre os funcionários é de que a amiga repassava uma parte do salário que ganhava como assessora do senador Roberto Rocha (PTB-MA), que concluiu seu mandato no fim de janeiro. Depois da chegada de Michelle na posição de primeira-dama, o salário de Rosimary como assessora quase triplicou.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, já investiga casos de assédio moral a funcionários e transações financeiras pouco usuais ocorridas no Alvorada, segundo o site. Segundo relatos, "uma limpa" em diversos itens da despensa das cozinhas do palácio foi feita por Michelle e alguns funcionários de confiança do ex-presidente.
Caixas com cortes de picanha, camarão e bacalhau, comprados com dinheiro público, foram retirados da câmara frigorífica anexa à cozinha durante a mudança da família. Outro episódio citado pela denúncia afirma que as moedas jogadas no espelho d'água que enfeita a entrada do Alvorada foram "pescadas" por funcionários nos últimos dias de 2022. A ação teria sido autorizada pela ex-primeira-dama e, supostamente, seriam doadas a uma igreja.
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