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Massacre em Bucha causa indignação e ocidente fala em crime de guerra

A Rússia enfrenta novas condenações nesta segunda-feira, 4, depois que surgiram evidências do que parecem ser assassinatos deliberados de civis na Ucrânia. As imagens de cadáveres nas ruas ou sepulturas cavadas às pressas desencadearam uma onda de indigna

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 04.04.2022, 18:14:00 Editado em 04.04.2022, 18:21:14
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A Rússia enfrenta novas condenações nesta segunda-feira, 4, depois que surgiram evidências do que parecem ser assassinatos deliberados de civis na Ucrânia. As imagens de cadáveres nas ruas ou sepulturas cavadas às pressas desencadearam uma onda de indignação que pode sinalizar um ponto de virada na guerra de quase seis semanas. Líderes ocidentais pediram mais sanções e um julgamento por crimes de guerra contra a Rússia.

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Autoridades ucranianas disseram ter encontrado os corpos de 410 civis foram em cidades ao redor da capital, Kiev, que foram recapturadas das forças russas nos últimos dias. Em Bucha, a noroeste da capital, jornalistas da Associated Press viram 21 corpos, incluindo um grupo de nove em trajes civis que pareciam ter sido baleados à queima-roupa. Pelo menos dois estavam com as mãos amarradas atrás das costas.

Vídeos verificados pelo jornal The Washington Post mostram corpos de civis espalhados nas ruas de Bucha e carros abandonados e destruídos. E uma imagem de satélite, registrada pela empresa Maxar Technologies, mostra o que parece ser uma vala comum na cidade. Bucha sofreu com bombardeios a partir do dia 27 de fevereiro, no 3º dia de invasão russa na Ucrânia, e moradores ficaram sem eletricidade e gás, segundo o Humans Right Watch.

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O presidente ucraniano Volodmir Zelenski fez sua primeira incursão relatada fora da capital desde o início da guerra, visitando Bucha nesta segunda para se encontrar com os moradores. Lá, ele denunciou os assassinatos como "genocídio" e "crimes de guerra".

As descobertas ofuscaram as negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia, que deveriam ser retomadas nesta segunda em um cenário de bombardeios de artilharia no sul e no leste da Ucrânia, onde a Rússia diz que agora está concentrando as suas operações.

Os aliados europeus, embora unidos em indignação, pareciam divididos sobre como responder. A Polônia, que fica na fronteira com a Ucrânia e recebeu um grande número de refugiados, criticou com raiva a França e a Alemanha por não tomarem medidas mais estridentes e instou a Europa a se livrar rapidamente da energia russa, enquanto Berlim disse que adotaria uma abordagem de longo prazo.

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Mas as sanções até agora não conseguiram deter a ofensiva, e o aumento dos preços da energia, juntamente com controles rígidos no mercado de moedas russo, atenuaram seu impacto, com o rublo se recuperando fortemente após a queda inicial.

Julgamento por crimes de guerra

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu nesta segunda-feira um julgamento por crimes de guerra contra o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e disse que buscaria mais sanções após relatos de atrocidades na Ucrânia.

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"Você viu o que aconteceu em Bucha", disse Biden. Ele acrescentou que Putin "é um criminoso de guerra". O americano, no entanto, não chegou a chamar as ações de genocídio. "O que está acontecendo em Bucha é ultrajante e todo mundo vê isso", acrescentou.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tuitou na segunda-feira que a União Europeia enviará investigadores à Ucrânia para ajudar o procurador-geral local a "documentar crimes de guerra".

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Os Estados Unidos e seus aliados tentarão suspender a Rússia do Conselho de Direitos Humanos da ONU, de acordo com Linda Thomas-Greenfield, embaixadora dos EUA nas Nações Unidas. "As imagens de Bucha e a devastação em toda a Ucrânia exigem que agora combinemos nossas palavras com ação", disse ela.

A chefe de direitos humanos das Nações Unidas, Michelle Bachelet, também expressou horror com as imagens de Bucha e pediu uma investigação independente de possíveis crimes de guerra. "Todas as medidas devem ser tomadas para preservar as evidências", acrescentou, dizendo que os corpos devem ser exumados de valas comuns para ajudar as famílias na identificação e na investigação.

Líderes ocidentais e ucranianos já acusaram a Rússia de crimes de guerra antes, e o promotor do Tribunal Penal Internacional abriu uma investigação pelo conflito. Mas os últimos relatórios aumentaram ainda mais a condenação.

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O crime de genocídio é difícil de provar, pois os promotores teriam que mostrar que os assassinos ou seus comandantes tinham uma "intenção específica" de destruir parcial ou totalmente um grupo de pessoas - mas o uso da palavra tem clara ressonância emocional e pode servir chamar ainda mais a atenção para o conflito.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguey Lavrov, rejeitou as alegações, descrevendo as cenas fora de Kiev como uma "provocação anti-russa encenada". Ele disse que o prefeito de Bucha não mencionou as atrocidades um dia depois de as tropas russas partirem na semana passada, mas dois dias depois dezenas de corpos foram fotografados espalhados pelas ruas.

Ele disse que a Rússia está pressionando por uma reunião urgente do Conselho de Segurança das Nações Unidas para discutir o assunto, mas o Reino Unido, que atualmente preside o órgão, se recusou a convocá-la. Os Estados Unidos e o Reino Unido acusaram a Rússia nas últimas semanas de usar as reuniões do Conselho de Segurança para espalhar desinformação.

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UE dividida sobre sanções

Os crescentes relatos de atrocidades contra civis durante a ocupação russa estão abrindo caminho para novas sanções da União Europeia, mas ainda há divergências sobre se elas chegarão ao ponto de incluir a proibição da energia russa.

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"Mais sanções e apoio da UE estão a caminho", escreveu Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, em um tuíte no domingo, 3. Os embaixadores da UE se reunirão na quarta-feira para discutir outro pacote de sanções contra a Rússia, mas a extensão desse novo conjunto de medidas ainda está em andamento, disseram diplomatas e autoridades. Uma reunião dos ministros da defesa da Otan também está programada para esse dia.

Uma versão do pacote de sanções da UE poderia incluir a proibição do carvão russo, mas não do petróleo e do gás. Também estão sendo consideradas proibições de mercadorias russas nos portos da UE, bem como medidas menores para fechar brechas das sanções existentes, disseram diplomatas e funcionários da UE.

O presidente da França, Emmanuel Macron, disse que as imagens de civis mortos em Bucha eram "insuportáveis" e que ele era a favor da imposição de novas sanções à Rússia. "Hoje há sinais muito claros de crimes de guerra", disse Macron à rádio France Inter. "Aqueles que foram responsáveis por esses crimes terão que responder por eles." Ele disse que as novas sanções devem visar carvão e petróleo.

A Alemanha é o principal país que impede o bloco de uma proibição total de petróleo e gás, mas a medida também é impopular em outras nações europeias menores que dependem amplamente de suprimentos russos. Berlim tem consistentemente avançado em sua posição dentro do bloco argumentando que as sanções contra a Rússia deveriam prejudicar mais os russos do que a Europa.

A intransigência da Alemanha em relação às sanções de petróleo e gás ficou evidente no domingo, quando surgiram rachaduras na posição do governo de coalizão sobre tal medida. Christine Lambrecht, a ministra da Defesa, disse à mídia local que o bloco deveria considerar a proibição das importações de gás, mas o ministro da Economia, Robert Habeck, também falando no domingo, disse que tal medida não seria útil "porque o presidente Putin perdeu a guerra".

O chanceler Olaf Scholz, em um discurso televisionado no domingo, também pediu novas sanções, mas não chegou a igualar o apoio de seu ministro da Defesa à proibição de petróleo ou gás.

Líderes poloneses, que lideram o grupo mais duro da União Europeia contra a Rússia, disseram que já era hora de o bloco banir a energia russa e apontar a Alemanha como responsável por conter os 27 países membros.

"Você não pode apoiar constantemente uma grande potência como a Rússia com bilhões em pagamentos da compra de energia", disse Jaroslaw Kaczynski, vice-primeiro-ministro da Polônia, em entrevista ao jornal alemão Welt am Sonntag. "Isso é inadmissível do ponto de vista moral. Isso deve chegar ao fim, e a Alemanha deve finalmente tomar uma posição clara sobre isso", disse ele.

"A verdade é que as capitais da UE ainda estão muito relutantes em proibir o petróleo e o gás russos - apesar das terríveis imagens que emergem de Bucha", disse Mujtaba Rahman, diretor administrativo para a Europa da consultoria Eurasia Group. "Ainda assim, eu diria que agora há uma pressão significativa sobre a probabilidade de alguma forma de sanções energéticas serem incluídas no próximo - o quinto - ou nos pacotes de sanções subsequentes", disse ele. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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