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Marco temporal: bancada ruralista reage e ameaça obstruir votações no Congresso

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) reagiu à derrubada da tese do marco temporal para demarcação de terras indígenas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, 21. O grupo que reúne 374 parlamentares ameaça obstruir votações no Congres

Isadora Duarte e Gabriel Hirabahasi (via Agência Estado)

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Escrito por Isadora Duarte e Gabriel Hirabahasi (via Agência Estado)
Publicado em 21.09.2023, 20:32:00 Editado em 21.09.2023, 20:37:16
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A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) reagiu à derrubada da tese do marco temporal para demarcação de terras indígenas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, 21. O grupo que reúne 374 parlamentares ameaça obstruir votações no Congresso.

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O presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), disse que a bancada ruralista vai adotar "todas as estratégias possíveis" para garantir que o Congresso vote projetos que reeditem o marco temporal das terras indígenas.

O anúncio foi feito em reação à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que, por 9 votos a 2, decidiu derrubar a tese do marco temporal, segundo a qual só seriam passíveis de demarcação os territórios ocupados por indígenas na data da promulgação da Constituição de 1988.

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"Nem pautas a favor, nem contra interesse do governo não terão nosso empenho enquanto direito a propriedade no país não for resolvido", afirmou Lupion em entrevista coletiva na noite desta quinta-feira.

"Quanto à questão das obstruções e estratégias regimentais, vamos adotar todas as possíveis para que a gente consiga aprovar a PEC e resolver o direito de propriedade", completou.

Segundo Lupion, a bancada ruralista não pode "aceitar passiva essa questão. É uma afronta completa a tudo aquilo que trabalhamos e a agropecuária brasileira".

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Lupion disse ainda que os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sabem "o que significa ter a FPA como inimigos" e ressaltou que a bancada vai "até as últimas consequências" para fazer valer a tese do marco temporal.

"Lira e Pacheco ambos sabem a influência e o que significa ter a FPA como inimigos. Arthur Lira tem sido um excepcional parceiro da nossa frente, Pacheco tem cumprido o que falou conosco, inclusive a tramitação do marco temporal. Vamos ver se ele vai cumprir o compromisso de mandar para o plenário o projeto de lei do marco temporal depois que for aprovado na CCJ. Vamos até as últimas consequências para vencer essa batalha", afirmou.

Lupion citou até a possibilidade de se instituir uma Constituinte para avaliar a divisão dos Poderes da República. O presidente da FPA criticou o Supremo Tribunal Federal pela decisão sobre o marco temporal e sobre outros casos. Segundo ele, "foi montado um calendário contra o agro no STF e a gente não pode aceitar isso".

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"A corda está tão esticada, o relacionamento do STF com o Congresso está tão difícil, que não me surpreenderia uma constituinte para divisão dos poderes. Claro que é um caso extremíssimo", ressaltou.

O deputado disse que "decisões como essa do marco temporal, que são meramente politiqueiras, jogam para o progressismo mundial e não ajudam em nada".

Segundo Lupion, ao acabar com a referência do marco temporal para só permitir demarcações de terras indígenas ocupadas até 1988, o STF subverteu o entendimento que vinha adotando sobre o tema. "Essa decisão alterou a própria jurisprudência do STF sobre o tema. O marco temporal em hipótese alguma retira direito dos povos indígenas", disse Lupion. Por 9 votos a 2, o Supremo entendeu que não existe limite temporal de ocupação indígena para a definição de uma reserva.

Lupion classificou a decisão da Suprema Corte de "politiqueira". "Não consigo entender que tenha sido uma decisão justa pensando na sociedade brasileira. Foi uma decisão muito mais na tentativa de ser simpático ao atual governo e ao progressismo mundial do que pensando na realidade do produtor brasileiro", afirmou.

Segundo ele, após a decisão do STF, indígenas paraguaios invadiram propriedades em Guaíra (PR). "Prevíamos que poderia ter votação negativa para direito de propriedade do setor produtivo. Há muito temos alertado sobre isso", acrescentou.

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