Em busca de romper resistências entre os militares, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a cerimônia de Independência do Brasil nesta quinta-feira, 7, para tirar fotos com os comandantes do Exército, Tomás Miguel Ribeiro Paiva, da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, e da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno. Durante o ato, ele chamou os oficiais para posar para foto ao seu lado e do ministro da Defesa, José Múcio. Um dia depois de demitir Ana Moser do Ministério dos Esportes, o petista também fez pose ao lado de mulheres que ocupam cargos no primeiro escalão de seu governo. Diferente do roteiro dos últimos três anos, em que o ex-presidente Jair Bolsonaro transformou a data num grande evento político para os seus seguidores, o 7 de Setembro voltou aos procedimentos protocolares. Cerca de 50 mil pessoas estiveram na Esplanada dos Ministérios, segundo estimativa da Polícia Federal, para acompanhar um desfile pensado para aproximar Lula dos militares. "Comandante militar do Planalto, solicito permissão para Vossa Excelência para dar início ao desfile cívico-militar em comemoração ao ducentésimo primeiro ano da independência do Brasil", disse Ribeiro Paiva, chefe do Exército. "Permissão concedida", respondeu Lula, seguindo o protocolo. A primeira-dama, Janja da Silva, sorriu e o público aplaudiu a cena. O desfile teve segurança reforçada e o público teve que fazer cadastro prévio na internet para poder assistir. Muitos tiveram de ficar do lado de fora aguardando por liberação. Como mostrou o
, Lula preferiu não repetir a cerimônia da independência que fez no início do primeiro mandato. Em 2003, o presidente inflou a festividade do Dia da Independência para atrair mais espectadores e contou com a participação intensa do marqueteiro Duda Mendonça. A propaganda na televisão está fora dos planos do governo na divulgação do desfile deste ano. Dessa vez, devem ser feitas campanhas pontuais e direcionadas nas redes sociais. A preparação do desfile deste ano foi estudada para retomar o tom institucional. A ideia foi fazer um contraponto a Jair Bolsonaro, que usou a comemoração para fazer campanha.
Lula faz aceno ao público feminino após demissão de ministraNa solenidade, Lula tentou minimizar o desconforto com a demissão de Ana Moser. O petista sequer agradeceu a participação dela na pasta no comunicado que anunciou a substituição dela pelo deputado André Fufuca (PP-MA). Além de Moser, Lula já trocou Daniela do Waguinho pelo deputado Celso Sabino. Para demonstrar a participação feminina na Esplanada, Lula apareceu na tribuna com todas as ministras. Estiveram, ao lado dele, Nisia Trindade (Saúde), Marina Silva (Meio Ambiente), Simone Tebet (Planejamento), Margareth Menezes (Cultura), Anielle Franco (Igualdade Racial), Sonia Guajajara (Povos Indígenas), Luciana Santos (Ciência), Cida Gonçalves (Mulheres) e Esther Dweck (Gestão e Inovação). Como mostrou a
, aliados da agora ex-ministra Ana Moser ficaram revoltados com a postura do governo. "Não agradeceram pelo trabalho. Lamentável. A ministra não merecia", comentou à Coluna uma das pessoas mais próximas da ex-atleta. Usando um vestido vermelho sob medida, a primeira-dama acompanhou Lula durante o trajeto até a tribuna das autoridades no Rolls Royce presidencial, de onde fez com as mãos o gesto do "L" que ficou conhecido durante as campanhas eleitorais do presidente. Outros ministros também apareceram. O destaque, entre eles, Márcio França, deslocado de Portos e Aeroportos para uma nova pasta para acomodar Silvio Costa Filho na Esplanada. O presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, também marcaram presença. Uma vaga no STF será aberta neste ano com a aposentadoria de Rosa, o que gerou uma campanha pressionando para que Lula indique uma mulher e negra para ocupar o posto - algo que o presidente, no momento, não parece estar disposto.
Ausência de Lira abre brecha para provocação de bolsonaristaO presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) foi uma ausência. O segundo-vice-presidente da Casa, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) aproveitou para provocar. "Nem Arthur, nem o primeiro vice Marcos Pereira e nem eu estávamos no palanque presidencial. A Câmara não foi representada em Brasília", disse. Bolsonaro usou as redes sociais neste 7 de Setembro para lembrar como foi a festividade com ele no ano passado, que se tornou um evento político quando faltava pouco menos de um mês para o primeiro turno da eleição presidencial e novamente voltou a relembrar os cinco anos do atentado a faca sofrido por ele, no dia 6 de setembro de 2018.
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