Durante a manhã desta quarta-feira (10), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez o seu primeiro pronunciamento após a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). Fachin anulou as condenações contra Lula na 13ª Vara Federal de Curitiba.
O pronunciamento do ex-presidente ocorreu no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, São Paulo.
Conforme Lula, ele tem várias razões para estar magoado, porém, não está. Para ele, seu sofrimento não foi maior do que o sofrimento pelo qual passa o povo brasileiro. “Se tem um cidadão que tem razão para estar magoado pelas chibatadas, sou eu. Não estou”, disse o ex-político. “Se tem um brasileiro que tem razão de ter muitas e profundas mágoas, sou eu, mas não tenho”, afirma o petista.
O ex-presidente disse que foi a "vítima da maior mentira jurídica contada em 500 anos de história”. De acordo com ele, Marisa Letícia, sua falecida mulher, morreu em decorrência da pressão ocasionada pela Lava-Jato e, também, destaca que foi proibido de ir no enterro de seu irmão, Genival Inácio, enquanto estava preso, em Curitiba.
Em seu pronunciamento, Lula disse que seu sofrimento é menor do que o “sofrimento que o povo está passando, que os pobres estão passando”. “Não tem dor maior do que levantar de manhã e não ter a certeza de um café com ovinho. Não tem nada pior do que estar desempregado e não ter como sustentar a família. Esta dor que a sociedade brasileira sofre me faz dizer que a minha dor não é nada.”
Lula prestou uma homenagem as pessoas que foram vítimas do novo coronavírus e cobrou empenho do presidente Jair Bolsonaro para a compra de vacinas. A imunização da população é "questão de vida ou morte", relata, e um presidente não é eleito para apoiar a morte.
“Teve momento em que teve vacina e o Brasil não aceitou porque o presidente inventou cloroquina, que a covid era uma gripezinha", afirmou. "Este país está totalmente desordenado e desagregado porque não tem governo. Esse país não cuida da educação, da periferia; ou seja, do que eles cuidam?”
Ele falou sobre o trabalho desenvolvido pelos governadores para conseguir vacinas para a população em “luta titânica contra um governo incompetente” e disse que planeja se vacinar na semana que vem. O ex-presidente tem 75 anos e por isso está entre os grupos prioritários para imunização
Ainda segundo ele, fará propaganda para a população para que siga recomendações científicas de prevenção à covid-19. “Não siga nenhuma decisão imbecil do presidente da República ou do ministro da Saúde; tome vacina. Vacina é uma das coisas que pode livrar você da covid; mas é preciso continuar o isolamento e utilizando máscara.”
Além disso, para Lula, Bolsonaro “não sabe o que é ser presidente” por que “nunca foi nada”. “O poder da força do fanatismo e das ‘fake news’ fez com que o povo elegesse Trump e Bolsonaro”, disse o ex-presidente. Ele exaltou ainda o papel das igrejas para orientar as pessoas no combate ao coronavírus, ao invés de "fazer culto cheio de gente sem máscara”.
“Esse país não tem governo, esse país não tem ministro da saúde, esse país não tem ministro da economia, esse país tem um fanfarrão, um fanfarrão, um presidente que por não saber de nada diz ‘é tudo por conta do Guedes’. Enquanto isso, o país está empobrecido, o PIB caiu, a massa salarial caiu, o comércio está enfraquecido, o comércio varejista caiu, a produção de comida das pessoas está ficando insustentável. E o presidente não se preocupa com isso”, frisa Lula.
O petista comentou sobre o aumento imparável do combustível no país. "Não é possível permitir que o preço do combustível brasileiro tenha que seguir o preço internacional, se nós não somos importador de petróleo. O Brasil é exportador, se nós produzimos a matéria-prima aqui, se nós retiramos do fundo do mar, se nós conseguimos refinar aqui, nós produzimos gasolina de avião, nós produzimos diesel, e nós produzimos na qualidade que produz a União Europeia."
Agradecimento
"Sou agradecido ao ministro Fachin porque ele cumpriu algo que reivindicávamos desde 2016", relata. "A gente cansou de dizer que a inclusão do Lula e da Petrobras era a razão pela qual a quadrilha de procuradores da Lava-Jato e (do ex-juiz Sergio) Moro entendiam que a única forma de me pegar era me levar para a Lava-Jato", disse. "Eles tinham uma obsessão de tentar me criminalizar; queriam criar um partido político."
Na segunda-feira (8), Fachin declarou a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba, do então juiz Sergio Moro, para julgar quatro processos que estavam relacionados a Lula.
No discurso Lula relata que seguirá na Justiça para que Moro seja considerado suspeito. "Moro não tem direito de se transformar no maior mentiroso da história do país e virar herói. Moro deve estar sofrendo hoje muito mais do que eu sofri. Dallagnol, ex-chefe da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, deve estar sofrendo mais do que eu".
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