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Lula diz que emendas impositivas foram começo de 'loucura', e defende acordo após suspensão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou as emendas impositivas como "o começo de uma loucura", e defendeu um acordo entre governo e Congresso sobre o tema. A fala vem depois de o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino suspender

Caio Spechoto e Sofia Aguiar (via Agência Estado)

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Escrito por Caio Spechoto e Sofia Aguiar (via Agência Estado)
Publicado em 15.08.2024, 12:04:00 Editado em 15.08.2024, 12:11:24
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou as emendas impositivas como "o começo de uma loucura", e defendeu um acordo entre governo e Congresso sobre o tema. A fala vem depois de o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino suspender o pagamento dessas emendas, em um movimento que o Congresso acredita ter sido combinado com a cúpula do governo. Lula deu as declarações em entrevista à Rádio T, em Curitiba.

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As emendas impositivas tiraram poder do governo federal sobre deputados e senadores. Antes, o Executivo podia represar as emendas de congressistas de oposição e cobrar fidelidade de aliados em troca da liberação dos recursos. Agora, essa capacidade é limitada, o que tirou do Palácio do Planalto sua principal ferramenta de articulação política. Lula mencionou indiretamente esse mecanismo na entrevista.

"Isso começou acontecendo já no governo da Dilma quando o Eduardo Cunha virou presidente da Câmara dos Deputados, com a criação do Orçamento impositivo, das emendas impositivas. Significa que o deputado pode ser contra, pode ser a favor, ele tem o mesmo direito de enviar recursos para sua base. Se o cara passar o dia inteiro no microfone me xingando, se o cara passar o dia inteiro votando contra as coisas boas para o povo, vai receber do mesmo jeito. Isso foi o começo de uma loucura que aconteceu nesse País", declarou Lula.

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"O Congresso Nacional hoje tem metade do Orçamento que o governo tem. O Governo tem R$ 60 bilhões, eles têm R$ 57 bilhões. Não é possível. Não tem nenhum país do mundo, não existe nenhuma amostra em nenhum país do mundo em que o Congresso Nacional tenha sequestrado parte do Orçamento para ele em detrimento do poder executivo, que é quem tem obrigação de governar", disse o presidente da República.

"Tivemos agora essa decisão do ministro Flávio Dino, acho que é plenamente possível estabelecer uma negociação com o Congresso Nacional e fazer com que haja um acordo que seja razoável. Eu não sou contra o deputado ter uma emenda. Eu não sou contra, ele foi eleito, tem que levar uma obra para sua cidade, tem que fazer alguma coisa. Mas a verdade é a seguinte: é muito dinheiro", declarou o petista.

Lula é crítico da forma como deputados e senadores têm enviado dinheiro a suas bases eleitorais desde a campanha presidencial de 2022. À época, ele já previa dificuldades para cumprir seu plano de governo em um cenário de divisão dos recursos disponíveis para obras com o Congresso. Ele também citou essa situação na entrevista.

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O presidente disse que às vezes precisa tirar dinheiro de determinadas áreas para pagar emendas, e isso "começa a dificultar". O petista também citou seu programa de gestão. "O governo precisa governar. A gente é eleito, a gente tem um mandato de quatro anos e eu tenho um programa de governo que quero cumprir", disse o petista.

Lula também criticou seu principal adversário político, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Além disso, mencionou o ministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes. O valor das emendas escalou no governo bolsonarista.

"O Bolsonaro não cuidava da economia, não cuidava do Orçamento, quem cuidava da economia era o Guedes, que estava querendo vender tudo, e o Congresso Nacional, pela ausência de governança, assumiu a responsabilidade de governar o Orçamento. E nós não podemos continuar assim", disse Lula. Segundo ele, é necessária uma saída negociada.

O presidente da República também criticou o trabalho das agências reguladoras - Lula costuma reclamar da burocracia estatal de forma geral, encarada por ele como um obstáculo para as ações do governo. "As agências reguladoras, que foram criadas para regular, quem decide a política pública é o governo, quem regula é a agência, elas foram tomadas pelo mercado, pelos empresários", disse o presidente.

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