O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai dividir, nesta sexta-feira, 21, o palco com o titular das Comunicações, Juscelino Filho, pela primeira vez após o ministro ter sido indiciado pela Polícia Federal (PF) por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa na semana passada. No Palácio do Planalto, uma possível substituição do ministro no curto prazo é vista como improvável.
Lula e Juscelino Filho cumprem, nesta tarde, agenda em São Luís, no Maranhão, em cerimônia de anúncio de investimentos do governo federal ao Estado. O evento está previsto para as 15h30.
Na quinta-feira, 20, nas redes sociais, o ministro divulgou o compromisso que terá com o chefe do Executivo hoje. "Nesta sexta-feira estarei com o presidente Lula em São Luís (MA). Vamos anunciar uma série de obras e ações, em várias áreas. Os maranhenses contam com atenção especial do nosso governo, e seguiremos trabalhando na construção de um estado e um Brasil melhores para todos", escreveu Juscelino Filho. A publicação é seguida de uma foto dos dois abraçados.
Um dos principais fatores que pesam na decisão de demitir Juscelino Filho é a fragilidade da base do governo no Congresso, especialmente após derrotas consideradas importantes para a gestão federal na última semana. O ministro foi indicado à Esplanada pelo União Brasil.
Na última semana, Lula afirmou que pretende conversar com o ministro para tratar sobre o indiciamento. A conversa, contudo, ainda não aconteceu. A ideia é que Lula também alinhe o cenário e qualquer tomada de decisão com a bancada do União Brasil. A legenda, contudo, já demonstrou apoio em relação à manutenção do chefe das Comunicações.
A estratégia que está sendo traçada é que o governo espere a crise tanto com Juscelino Filho quanto com o Congresso esfriar para, então, tomar uma decisão sobre sua permanência. Mesmo com uma possível troca do chefe das Comunicações, a expectativa é que a vaga na Esplanada ainda pertença ao União Brasil.
Na semana passada, em entrevista ao Broadcast Político, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que caberá ao colega das Comunicações decidir se irá permanecer no cargo enquanto se defende das acusações. "Se ele considera que pode se defender, ocupando o cargo, fazendo o bom trabalho que está fazendo no Ministério das Comunicações, é óbvio que é uma questão individual dele", disse.
"Eu tenho sentimento que até agora ele foi se explicar, foi se defender ocupando e exercendo um bom trabalho no Ministério das Comunicações", afirmou Padilha.
O ministro foi indiciado no último dia 12, após a PF finalizar as investigações sobre desvio de verbas federais da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). A corporação imputa ao ministro supostos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Em nota divulgada após a ação da PF, o ministro afirmou que o indiciamento é "uma ação política e previsível". "Parte de uma apuração que distorceu premissas, ignorou fatos e sequer ouviu a defesa sobre o escopo do inquérito", indicou. Segundo ele, a investigação "repete o modus operandi da Operação Lava Jato".
Após o indiciamento, o União Brasil também se manifestou e reforçou "total apoio" ao ministro. A legenda, por meio de nota da Executiva Nacional, diz que não admitirá "pré-julgamentos" e defende que o princípio da presunção de inocência e o devido processo legal sejam "rigorosamente respeitados".
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