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Justiça Eleitoral aponta indícios de que blitze da PRF interferiram no 2º turno das eleições

Um relatório produzido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE-RN) e encaminhado à Polícia Federal (PF) aponta indícios de que as blitze feitas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno das eleições presidenciais, em outu

Karina Ferreira, especial para o Estadão (via Agência Estado)

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Escrito por Karina Ferreira, especial para o Estadão (via Agência Estado)
Publicado em 06.12.2023, 12:42:00 Editado em 06.12.2023, 12:47:12
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Um relatório produzido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE-RN) e encaminhado à Polícia Federal (PF) aponta indícios de que as blitze feitas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno das eleições presidenciais, em outubro de 2022, podem ter atrasado a chegada dos eleitores aos locais de votação. Esse é o primeiro documento da Justiça Eleitoral afirmando que as operações tiveram o potencial de atrapalhar as eleições. Os dados do relatório obtido pelo G1 e confirmado pelo

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Estadão

agora integram o inquérito da PF que investiga se a PRF foi usada para interferir na disputa eleitoral. Na época, Silvinei Vasques, aliado do então presidente Jair Bolsonaro (PL) estava a frente da instituição e as operações se concentraram principalmente no Nordeste, região em que Luiz Inácio Lula da Silva costuma ter maior votação. Vasques está preso preventivamente desde 9 de agosto em decorrência da investigação. Segundo o TRE-RN, houve uma mudança no padrão de horário em que os eleitores compareceram à votação. Parte considerável deles, que costumava votar pela manhã, só chegou às urnas após a Justiça adotar medidas emergenciais para liberar o caminho dos eleitores, já no período da tarde. Conforme apontou a juíza eleitoral Erika Corrêa, mesários relataram "baixo fluxo de comparecimento de eleitores e eleitoras" nas seções, bem como a inexistência de filas e diversas salas vazias nos locais de votação. A partir das informações reunidas dos relatos, a juíza separou o comparecimento dos eleitores da cidade de Campo Grande em três momentos: - 8h até 12h46: 2.232 eleitores votaram. O número corresponde a 38,28% do total das seções analisadas (5.830 eleitores). Esse período corresponde ao relatado pelos mesários, com salas vazia e seções eleitorais sem filas. - 14h às 15h30: mais 1.293 votaram, chegando 60,46% do eleitorado (3.525 eleitores). Durante o período, houve ampliação do transporte gratuito oferecido pela Justiça; WhatsApp e rádio foram utilizados para divulgar esse serviço aos moradores da cidade. - 15h30 às 16h58: 75,02% dos eleitores comparecem às urnas, que termina o dia com 4.374 votantes. Esse período corresponde ao fim das blitze da PRF e dois minutos antes do término da votação. As operações podem também ter inibido o deslocamentos em cidades pequenas do interior. Segundo a juíza, motoristas que estavam com a documentação irregular, com receio de terem o veículo apreendido, podem ter deixado de comparecer às urnas no período da manhã. A conclusão é que pode haver correlação entre as operações da PRF e a chegada tardia dos eleitores às urnas, e que as blitze podem ter causado "impacto significativo no deslocamento de eleitores e eleitoras aos seus locais de votação", mesmo não sendo possível aferir que o atraso foi causado exclusivamente pelas operações. Em junho, o ex-diretor da PRF prestou depoimento à CPMI do 8 de Janeiro sobre as ações durante o dia da eleição e negou ter usado o cargo para beneficiar o ex-presidente Bolsonaro. Ele afirmou que a ação foi mais intensa no Nordeste porque a estrutura da Polícia Rodoviária Federal é maior na região. Também disse ser vítima de uma "perseguição" e alvo da "maior injustiça da história". Dados de relatório divulgado pelo Ministério da Justiça mostram que PRF fiscalizou, entre os dias 28 e 30 de outubro, 2.185 ônibus em estradas do Nordeste - mais que o dobro das ações de mesmo teor registradas no centro-oeste (893), quatro vezes mais que o número de blitze efetuadas no Sudeste e sete vezes mais do que no Norte do País. O número de operações na região Nordeste corresponde a 47% do total de inspeções em coletivos que transportavam eleitores para votação.

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