O ministro-chefe da Advocacia Geral da União (AGU), Jorge Messias, andou de mesa em mesa, tirou fotos e ficou em pé durante todo o evento originalmente em homenagem ao jurista Celso Antônio Bandeira de Mello organizado pelo grupo Prerrogativas nesta sexta-feira, 15. Sentado ao lado de José Dirceu, o "pai" do Direito Administrativo brasileiro recebeu uma medalha de honra ao mérito pela sua atuação em defesa da democracia. Também convidado especial e, por fim, homenageado na noite, Jorge Messias é um dos favoritos para a vaga da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber, que se aposenta no final do mês. O nome dele é encampado por parte da advocacia - o que inclui o Prerrogativas e outros organizadores do evento desta sexta, como a Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais (Anafe) e o Fórum Nacional da Advocacia Pública Federal (Anprev). O AGU foi o convidado mais aguardado da noite e a cerimônia só começou depois que ele chegou. Ele foi tão prestigiado quanto Bandeira de Mello e Dirceu, que, embora tenha perdido protagonismo político após ser condenado pelo próprio STF que Messias quer ocupar, continua festejado nas hostes petistas. Além das entidades da advocacia, Messias foi elogiado no microfone pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-terra (MST) e por representantes de grupos evangélicos, religião de Messias. Fernando Haddad, ministro da Fazenda, e Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do Banco Central, também marcaram presença, mas não falaram na cerimônia. O evento tinha como agenda homenagens a outras entidades do universo jurídico, o que acabou se tornando pano de fundo do clima de campanha a favor do nome de Messias para o Supremo. No final do ato, o AGU discursou elogiando amplamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e atribuindo ao petista a retomada do curso democrático do País. "A eleição do presidente Lula foi o início da grande luta que nós travamos hoje, que é a luta em defesa da democracia. Naquele momento em que o presidente Lula foi eleito e que ele venceu as trevas nas urnas, nós começamos a travar a grande luta em defesa da democracia", falou Messias no palco do evento. O AGU chamou a prisão do presidente de "maior atrocidade da história do sistema penal brasileiro". Nas últimas semanas, duas ações da Pasta foram lidas como fortes acenos a Lula. Uma delas foi a criação de uma força-tarefa para cumprir a parte da decisão do ministro Dias Toffoli, que, ao anular um acordo de leniência da Odebrecht, determinou a investigação de todos os agentes públicos envolvidos na elaboração do documento. Outra, foi determinação do AGU de que a Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia (PNDD), um dos seus braços, investigasse o jornalista Alexandre Garcia pela disseminação de notícias falsas. Ele defendeu que a catástrofe climática do Rio Grande do Sul, que deixou 46 mortos, seja investigada por causa da suposta ligação com ações do governo petista. O Estadão Verifica mostrou que a informação era falsa. Alexandre Garcia teve que ler um direito de resposta do governo nesta sexta-feira.
O nome de Jorge Messias para a vaga de Rosa Weber foi amplamente defendido pelos presentes no evento. O advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do Prerrogativas, disse que Messias é "vítima de especulações por conta do magnifico trabalho que tem feito na AGU". No palco, o AGU ficou ao lado de Dirceu e de Paulo Okamotto, ex-presidente do Instituto Lula e um dos investigados da operação Lava Jato. Embora não tenha falado no evento, Dirceu foi reverenciado no palco da cerimônia diversas vezes - "grande, eterno e sempre líder". O ex-ministro da Casa Civil de Lula tirou fotos ao lado de correligionários e conversou com lideranças. Dirceu foi preso no escândalo do mensalão e condenado a 30 anos de prisão durante a Operação Lava Jato pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, mas em 2019 foi solto após decisão do Supremo Tribunal Federal revogar a prisão após condenação em segunda instância. Além de Messias, outros nomes cotados para o STF são o ministro da Justiça, Flávio Dino, e o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas. Messias despontou como favorito, mas passou a dividir os holofotes com Dino, que é o preferido de alguns ministros da Corte. Como mostrou o
Estadão, Dantas tem o apoio de boa parte do mundo político.
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