O governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), minimizou a disputa entre seu padrinho político, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Ele pregou união entre os desafetos para permitir a governabilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Nós temos de criar um ambiente de tranquilidade para que Lula possa aprovar projetos. Esse ambiente de briga e discussão é improdutivo. Eu sou um conciliador. Se eu tiver condição de unir o presidente Arthur Lira com o senador Renan Calheiros, eu farei isso", afirmou ao Estadão.
O governador foi eleito com o apoio da família Calheiros, derrotando o candidato apoiado por Lira, Rodrigo Cunha (União Brasil). Nesta sexta, Dantas participou de evento de inauguração do escritório do Estado de Alagoas em São Paulo para atrair investimentos com a presença de representes de empresas como Latam, Natura e BTG. Ele defendeu a atuação do Estado na infraestrutura e na produção de energias renováveis.
Como mostrou o Estadão, Lira pressionou Lula a demitir o ministro dos Transportes e filho de Calheiros, Renan Filho, por causa da rixa com o senador. No final de maio, o emedebista chamou o deputado de "caloteiro" e disse que Lira "desvia dinheiro público" e "bate em mulher".
Lira rebateu: "Sobre dar golpes, o senador Renan Calheiros entende bem. Foi assim que ele tentou conduzir o Congresso Nacional e, várias vezes, desrespeitou decisões judiciais", publicou em rede social.
A rivalidade entre o deputado e o senador tem raízes na política alagoana. Ambas as famílias estão entre as mais poderosas do Estado. No contexto nacional, uma conjuntura importante que reforça a rivalidade entre os dois alagoanos é que Renan é mais próximo de Lula, enquanto Lira teve vínculos mais estreitos com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O deputado alagoano, no entanto, calibrou o discurso para garantir o apoio de aliados de Lula na corrida para se reeleger presidente da Câmara. Apesar da gestão passada também ter enfrentado desafios para conseguir se articular no Congresso, a gestão petista já acumula recorde de CPIs em início de mandato e duras derrotas no Legislativo, em especial entre os deputados.
O governador também defendeu a distribuição de recursos para privilegiar os ministérios. "O presidente (Lula) fez certo. Que é colocar os recursos nos ministérios para que o próprio governo federal tenha capacidade de investimento", disse. "No (governo) Bolsonaro, o Congresso Nacional tomou essa prerrogativa do presidente da República", completou. Na ocasião, Lira comandou a Câmara quando houve distribuição de emendas oriundas do orçamento secreto, esquema revelado pelo Estadão.
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