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'Gabinete do ódio' no Planalto atuava em salinha sem janela, disse Cid em delação

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens no governo Jair Bolsonaro (PL), afirmou em delação premiada que o gabinete do ódio, revelado pelo Estadão em 2019, atuava em uma "salinha pequenininha" que "não tinha nem janela" no mesmo andar do gabinet

Rayanderson Guerra (via Agência Estado)

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Escrito por Rayanderson Guerra (via Agência Estado)
Publicado em 19.02.2025, 13:10:00 Editado em 19.02.2025, 13:17:51
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O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens no governo Jair Bolsonaro (PL), afirmou em delação premiada que o gabinete do ódio, revelado pelo Estadão em 2019, atuava em uma "salinha pequenininha" que "não tinha nem janela" no mesmo andar do gabinete do ex-presidente.

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De acordo com o delator, o grupo, responsável pela estratégia de comunicação digital do ex-presidente e adotava um tom belicoso para lidar com os adversários políticos, era formado por "três garotos que eram assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro": Tércio Arnaud Tomaz, então assessor da Presidência, José Mateus (Sales Gomes) e Mateus, sem saber citar o sobrenome do terceiro assessor.

A sala em que o grupo atuava, no terceiro andar do Palácio do Planalto, não tinha controle de entrada e saída, segundo Cid.

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Os três foram assessores da Presidência. José Mateus Sales Gomes, Mateus Matos Diniz e Leonardo Augusto Matedi Amorim têm uma empresa de comunicação, chamada "Agência Mellon", que foi contratada pelo gabinete do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) para fazer a comunicação do mandato, como revelado pelo Estadão.

Cid relata que os três atuavam dentro da estrutura da assessoria do ex-presidente, nomeados formalmente, desde o inicio do governo, em 2019. Segundo ele, o grupo fazia o acompanhamento das mídias sociais sob o comando do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL), filho "02" de Bolsonaro. De acordo com a delação, Carlos "ditava o que eles teriam que colocar, falar".

A existência do gabinete paralelo veio à tona por ser um motivo de dissidência no clã Bolsonaro. O filho mais velho do ex-presidente, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), não concordava com a estratégia de ataque e acreditava que as ações do "gabinete do ódio" atrapalhavam as articulações do governo. O pai ora cedia às estratégias do grupo, ora não.

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O vereador administrava as redes sociais do ex-presidente, com exceção do Facebook. Segundo Cid, o grupo "sentia a temperatura das redes sociais", publicava matérias que davam engajamento, de alguma forma, dentro do grupo, e fazia contatos com influenciadores para que as mensagens fossem replicadas.

De acordo com o relato de Cid, o grupo exercia forte influencia sob Bolsonaro. Ele cita que "eles brigavam com o ex-presidente porque o presidente publicava coisas que eles não queriam, que principalmente Carlos Bolsonaro, não queria que as mídias sociais do presidente fossem aquelas mídias enfadonhas".

Segundo Cid, o gabinete do ódio ficava no terceiro piso do Palácio Planalto, em uma "salinha pequenininha" que "não tinha nem janela" no mesmo andar do gabinete do presidente. O delator relata que não havia controle de entrada e saída.

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Indagado sobre a atuação do gabinete do ódio para "desacreditar determinadas pessoas que fossem contrárias aos seus interesses", Cid respondeu que não sabia "detalhes do que eles publicavam, como eles faziam".

Ataques ao sistema eletrônico de votação

Especificamente em relação aos ataques ao sistema eletrônico de votação, Cid respondeu que a desconfiança nas urnas eletrônicas, no sistema eleitoral, sempre foi urna pauta do ex-presidente e que ele "sempre quis que tivesse urna impressora ali ao lado para imprimir".

Segundo Cid, Bolsonaro era o responsável pelas mensagens encaminhadas a seus contatos e que ele encaminhou "notícias falsas identificadas envolvendo empresários". Indagado sobre ataques a ministros STF, identificados na investigação, encaminhados por meio do telefone do ex-presidente, Cid afirmou que era o próprio Bolsonaro que encaminhava as mensagens.

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