Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro e dirigentes do PL trabalham para consolidar a candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Prefeitura do Rio de Janeiro na próxima eleição municipal. Para se viabilizar como alternativa do bolsonarismo ao prefeito Eduardo Paes (PSD-RJ), que buscará a reeleição, o filho Zero Um do ex-mandatário enfrenta uma disputa interna na legenda.
Braço direito e fiador de Bolsonaro dentro do partido, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, diz que a legenda deve "batalhar" para que Flávio seja eleito para comandar o Rio . A indicação, no entanto, sofre resistência dentro do diretório fluminense.
"Tivemos esse tropeço (a derrota de Jair Bolsonaro em 2022), mas vamos recuperar lá na frente. E talvez a recuperação nossa venha em 2024. Vamos batalhar para o Flávio ser prefeito da cidade do Rio de Janeiro. Tem tudo para isso. Vai ser muito bom para o nosso partido", disse Valdemar Costa Neto na última sexta-feira durante a inauguração do diretório do PL, em Niterói.
Pelo menos três setores no PL disputam a futura indicação do partido para a eleição carioca. Um é liderado pelo comando nacional, outro, por dirigentes locais do partido, e um terceiro é mais próximo ao governador Cláudio Castro (PL-RJ). Valdemar, porém, já disse a Castro que Flávio é o nome mais forte, como mostrou a Coluna do Estadão.
Integrantes do PL ouvidos pelo Estadão afirmam que o partido ainda trabalha com outros dois nomes no Estado: o general Walter Braga Netto, candidato a vice de Bolsonaro na eleição de 2022, e o deputado federal Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde.
Um dos preferidos do governador Cláudio Castro, o secretário de Saúde, Dr. Luizinho (PP-RJ) trabalha para se viabilizar como um possível candidato com apoio do PL na disputa municipal, em uma coligação. Essa alternativa, no entanto, sofre resistência por parte do presidente estadual da legenda, deputado Altineu Côrtes. Ele defende Braga Netto como melhor postulante.
Castro e Côrtes se desentenderam durante as articulações para a disputa da presidência da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). No início deste ano, o governador do Rio tentou assumir o comando do PL no Estado após Côrtes articular uma candidatura alternativa à de Rodrigo Bacellar (PL), o homem forte de Castro no parlamento.
Valdemar não entregou o partido ao governador, mas conseguiu manter Castro no PL sob o comando de Altineu Côrtes. A ala bolsonarista do partido resiste à possibilidade de apoio do governador a Luizinho na disputa à Prefeitura do Rio de 2024.
O PL aposta no "recall" da votação do presidente Jair Bolsonaro na capital fluminense. Em 2022, em sua tentativa frustrada de reeleição, o mandatário venceu na cidade, com cerca de 53% dos votos. Isso transforma Flávio na maior ameaça à reeleição de Paes. Em 2016, o hoje senador ficou em quarto lugar, com 14% dos votos válidos na cidade.
Eduardo Paes e PT
Para pavimentar seu caminho rumo à reeleição em 2024, quando deverá enfrentar o candidato da direita bolsonarista, Eduardo Paes investe na política e no orçamento. O chefe do Executivo municipal carioca aposta na volta da aliança com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e busca uma aproximação com Castro.
A relação de Paes com o atual presidente voltou a se fortalecer na campanha do ano passado. O embarque do PT de Lula no governo municipal foi aprovado pelos diretórios municipal e estadual da legenda. Apesar de Paes evitar o início das discussões sobre a campanha de 2024, o apoio do partido e do presidente Lula são dois dos principais ativos do prefeito em uma disputa contra o candidato do clã Bolsonaro, que tem o Rio de Janeiro como berço político.
O prefeito ainda busca o apoio do União Brasil, partido cortejado pelo PL e por aliados de Bolsonaro. O partido do ex-presidente já trabalha para fortalecer nomes que sejam capazes de disputar a Prefeitura do Rio em 2024.
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