MAIS LIDAS
VER TODOS

Política

Entenda o que é a PEC do Quinquênio, o impacto nas contas públicas e a discussão no Senado

O Senado discute uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que concede um "bônus" na remuneração das carreiras da magistratura e do Ministério Público, o chamado quinquênio. Caso passe pelo crivo do Congresso Nacional, a proposta vai trazer um impacto a

Gabriel de Sousa (via Agência Estado)

·
Escrito por Gabriel de Sousa (via Agência Estado)
Publicado em 24.04.2024, 19:01:00 Editado em 24.04.2024, 19:08:30
Imagen google News
Siga o TNOnline no Google News
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.
Continua após publicidade

O Senado discute uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que concede um "bônus" na remuneração das carreiras da magistratura e do Ministério Público, o chamado quinquênio. Caso passe pelo crivo do Congresso Nacional, a proposta vai trazer um impacto anual de R$ 40 bilhões, de acordo com uma estimativa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

continua após publicidade

A PEC é de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e prevê a volta do pagamento de Adicional por Tempo de Serviço (ATS) para carreiras do Judiciário e do Ministério Público a cada cinco anos e, por isso, é chamado de quinquênio. O texto que tramita no Congresso estabelece um acréscimo de 5% nos salários a cada período, que podem chegar até o máximo de 35% do teto constitucional.

O valor será pago sem ser computado dentro do limite do teto salarial que um funcionário público pode receber por mês. Hoje, esse valor é o equivalente à remuneração de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), R$ 44.008,52.

continua após publicidade

Na justificativa da PEC 10/2023, Pacheco defende que o quinquênio é uma forma de valorizar as carreiras do Judiciário e do Ministério Público, evitando que profissionais desistam de ingressar no serviço público. "Nós não podemos permitir que bons magistrados vocacionados queiram sair das suas carreiras para irem para a iniciativa privada, para a política ou para o exterior porque a atividade da vocação deles deixou de ser atrativa", afirmou.

Na CCJ, PEC foi turbinada com mais categorias beneficiadas pelo quinquênio

Quando apresentou a PEC, Pacheco estabeleceu o penduricalho para magistrados, procuradores e promotores da ativa e aposentados. Porém, quando a proposta foi analisada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, o relator Eduardo Gomes (PL-TO) acatou emendas que estendem o quinquênio para membros da Advocacia Pública da União, dos Estados e do Distrito Federal, membros da Defensoria Pública e ministros e conselheiros de Tribunais de Contas.

continua após publicidade

A PEC foi aprovada no colegiado por 18 votos a favor e sete contrários na última quarta-feira, 17. O presidente da comissão, senador Davi Alcolumbre (União-AP), é um dos defensores do penduricalho. Foram contra a proposta os senadores Alessandro Vieira (MDB-SE), Beto Faro (PT-PA), Eduardo Girão (Novo-CE), Jaques Wagner (PT-BA), Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), Otto Alencar (PSD-BA) e Rogério Carvalho (PT-SE).

Custo anual pode chegar a R$ 40 bi, calcula o governo

O Ministério da Fazenda estima que o custo anual do penduricalho concedido para integrantes do Judiciário e do Ministério Público pode chegar a R$ 40 bilhões. O Planalto negocia com o Senado a possibilidade de alteração no texto, restringindo as categorias que serão beneficiadas ou retirando os aposentados do rol de agraciados.

continua após publicidade

Nesta terça-feira, 23, Pacheco disse que o benefício não afeta "o equilíbrio das contas públicas", mas admitiu que a quantidade de categorias que passarão a receber o quinquênio pode ser negociada.

"O Orçamento é do Poder Judiciário, que vai aplicar para essa estruturação. Nosso projeto de déficit zero, de equilíbrio das contas públicas, não é afetado com a priorização, no âmbito de um orçamento já definido, de estruturação de carreira, em vez de construção de prédios de fórum, por exemplo. É algo que vem sendo estudado ao longo de muitos anos", afirmou.

continua após publicidade

No plenário da Casa, a PEC precisa ser aprovada por 49 dos 81 senadores, em dois turnos. Após essa etapa, a proposta será encaminhada para a Câmara, onde é necessário o apoio de 308 dos 513 deputados, também em dois turnos, para entrar em vigor. Por ser uma emenda à Constituição, ela não precisa passar pelo crivo do presidente Lula.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira, 24, que a PEC dificilmente será aprovada na Casa. O deputado disse que alguns projetos que tramitam no Senado aumentam as despesas públicas.

Impactos da PEC foram deixados de lado nas primeiras sessões de discussão no Senado

continua após publicidade

Nesta terça e nesta quarta, o Senado promoveu duas sessões para discutir a PEC dos Quinquênios. Segundo o regimento da Casa, é necessário que a proposta seja discutida em cinco encontros antes de ser colocada para votação em primeiro turno.

Apesar de ter sido a principal pauta das sessões, a PEC foi pouco abordada pelos senadores. Os parlamentares da oposição ao governo Lula concentraram seus discursos em críticas ao STF, enquanto os governistas foram à tribuna para prestar contas sobre projetos do Planalto.

Entre os poucos senadores que expressaram posição sobre a PEC, o senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que existem outros temas mais importantes para serem votados pelo Senado e alertou sobre os impactos do quinquênio para os cofres públicos.

"É uma conta que não fecha, por isso, é necessário que alinhemos esforços em favor das pautas que realmente interessam ao Brasil e aos brasileiros. Não há espaço para aventuras, e muito menos para seguir privilegiando poucos em detrimentos de muitos. A população está atenta", afirmou.

O relator do projeto, senador Eduardo Gomes, criticou a estimativa feita pelo governo e disse que os R$ 40 bilhões previstos fazem parte de um "processo de desinformação" organizado pelo Executivo.

"Essas pessoas que se dedicam a fazer esses cálculos esdrúxulos, malucos, sem fonte, são os mesmos que, há todas as semanas, falam de superávit zero, falam de déficit... falam de números que, desde a aprovação do arcabouço fiscal, que contou com a nossa colaboração, vem tendo as suas expectativas frustradas. Quisera Deus que todo o problema do Brasil fosse a PEC 10, estava fácil de resolver", afirmou Gomes.

Gostou desta matéria? Compartilhe!

Icone FaceBook
Icone Whattsapp
Icone Linkedin
Icone Twitter

Mais matérias de Política

    Deixe seu comentário sobre: "Entenda o que é a PEC do Quinquênio, o impacto nas contas públicas e a discussão no Senado"

    O portal TNOnline.com.br não se responsabiliza pelos comentários, opiniões, depoimentos, mensagens ou qualquer outro tipo de conteúdo. Seu comentário passará por um filtro de moderação. O portal TNOnline.com.br não se obriga a publicar caso não esteja de acordo com a política de privacidade do site. Leia aqui o termo de uso e responsabilidade.
    Compartilhe! x

    Inscreva-se na nossa newsletter

    Notícia em primeira mão no início do dia, inscreva-se agora!