MAIS LIDAS
VER TODOS

Política

'Embate entre Poderes tensiona processo eleitoral'

Os elementos presentes na sociedade brasileira em 2022 fazem com que o País entre na campanha eleitoral mais dividido, menos confiante no processo que escolherá o novo presidente e mais propício a viver episódios de violência. A tese é de Maurício Moura,

Da Redação

·
Escrito por Da Redação
Publicado em 24.04.2022, 08:04:00 Editado em 24.04.2022, 08:12:26
Imagen google News
Siga o TNOnline no Google News
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.
Continua após publicidade

Os elementos presentes na sociedade brasileira em 2022 fazem com que o País entre na campanha eleitoral mais dividido, menos confiante no processo que escolherá o novo presidente e mais propício a viver episódios de violência. A tese é de Maurício Moura, presidente do instituto Idea Big Data e pesquisador da Universidade George Washington. "Não é uma eleição normal. Se encararmos como uma eleição normal, vamos ter problemas."

continua após publicidade

Em pesquisa do início de abril do Idea Big Data, 57% dos entrevistados disseram que Jair Bolsonaro não merece ser reeleito e 52% responderam que Luiz Inácio Lula da Silva não merece voltar à Presidência. "Há uma polarização, uma descrença no processo, um sentimento raivoso evidente", disse o pesquisador ao jornal O Estado de S. Paulo.

Quais variáveis tornam a eleição presidencial deste ano mais acirrada e polarizada do que as anteriores?

continua após publicidade

Esta não será uma eleição padrão. Existe uma polarização entre duas forças muito fortes na opinião pública. A primeira é o antipetismo, que ocupa as eleições presidenciais desde 1989. Na reta final do primeiro turno, algum candidato acaba sendo o depositário desse antipetismo. Dependendo da maneira que você pergunta e da pesquisa que acessa, estamos falando de 40% a 45% do eleitorado com rejeição ao PT. E existe a força antibolsonarista, que é principalmente antigoverno. Hoje, o Brasil tem um governo com grau de reprovação maior do que aprovação. É um evento raro na reeleição. Essas duas forças, a anti- PT e a antigoverno, tornam a eleição amplamente polarizada e bastante apertada. Há outro indicador fora do padrão: somados os que falam espontaneamente o nome de um candidato nas pesquisas, temos 60% do eleitorado. Em agosto, isso poderá representar mais de 75% do eleitorado. Significa ter 75% dos eleitores que entram na campanha com um nome já na cabeça. Em abril de 2018, tínhamos 35% do eleitorado com resposta para a pesquisa espontânea de intenção de voto. Desta vez, vamos para a campanha com pouco espaço de convencimento.

O tensionamento entre Poderes, como no caso do Executivo e do Judiciário na condenação do deputado Daniel Silveira, afeta o cenário eleitoral?

Obviamente, esse episódio afeta negativamente o cenário eleitoral. Fazendo o paralelo com os EUA, um dos grandes problemas durante a apuração da eleição e no pós-eleição foi o embate entre o representante do Executivo, Donald Trump, as autoridades eleitorais locais e a pressão que juízes no país sofreram em processos sobre fraude eleitoral. Esse embate entre os Poderes só tensiona mais um processo que já está bastante tenso.

continua após publicidade

O que as pesquisas mostram sobre a desconfiança do processo eleitoral?

Somando quem não confia na urna (31%) e quem confia pouco (36%), temos mais da metade dos brasileiros (67%). Isso é algo inédito nas eleições presidenciais brasileiras. Quem não acredita na urna não acredita que o processo é legítimo e, portanto, não vê legitimidade em quem reporta o resultado e, consequentemente, no vencedor. Isso tira a legitimidade de toda a cadeia. Nós não tivemos nenhum evento traumático nos últimos quatro anos que justificasse esse aumento no número de pessoas que desconfiam da urna.

Há risco de haver, no Brasil, episódios como o ataque ao Capitólio?

continua após publicidade

Vemos 15% do eleitorado que está disposto a ir a manifestações se não concordar com o resultado das eleições. É um número significativo. Vemos nas pesquisas e nas análises um sentimento bastante raivoso, semelhante ao que vimos nos EUA. Há um sentimento bélico que não observamos em 2018. Todos os indícios estão diante de nós. Há uma polarização, uma descrença no processo, um sentimento raivoso evidente. O Brasil não convive com a violência eleitoral como outros países, mas vejo probabilidade alta de ter eventos de violência neste ano. Não é uma eleição normal. Se encararmos como uma eleição normal, vamos ter problemas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Gostou desta matéria? Compartilhe!

Icone FaceBook
Icone Whattsapp
Icone Linkedin
Icone Twitter

Mais matérias de Política

    Deixe seu comentário sobre: "'Embate entre Poderes tensiona processo eleitoral'"

    O portal TNOnline.com.br não se responsabiliza pelos comentários, opiniões, depoimentos, mensagens ou qualquer outro tipo de conteúdo. Seu comentário passará por um filtro de moderação. O portal TNOnline.com.br não se obriga a publicar caso não esteja de acordo com a política de privacidade do site. Leia aqui o termo de uso e responsabilidade.
    Compartilhe! x

    Inscreva-se na nossa newsletter

    Notícia em primeira mão no início do dia, inscreva-se agora!