O ex-governador de São Paulo João Doria (sem partido) pediu desculpas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por ter comemorado a prisão do petista em abril de 2018. Na época, Doria disse que a detenção de Lula "lavava a alma dos brasileiros". Agora, afirmou que a declaração foi "imprópria" e que "sabe reconhecer quando erra". "Aquilo foi uma declaração imprópria e eu não tenho problema em reconhecer. Isso me ajuda a ser uma pessoa melhor, mais respeitada. Eu sei pedir desculpas e sei reconhecer quando eu erro. Não foi uma declaração adequada", disse o ex-governador em entrevista ao podcast Flow News na última sexta-feira, 22. Doria se desculpou por uma mensagem publicada nas redes sociais, pouco depois de Lula ser encaminhado para a Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba, onde ficou preso por 580 dias, entre 7 de abril de 2018 e 8 de novembro de 2019, pelas investigações da Lava Jato. "A decisão da Justiça brasileira de condenar à prisão Luiz Inácio Lula da Silva lava a alma dos bons brasileiros. Lava a alma daquelas pessoas que sabem o valor da Justiça e sabem também das mentiras que Luiz Inácio Lula da Silva colocou, pregou e propagou pelo Brasil", disse Doria, que na época havia acabado de deixar a Prefeitura de São Paulo para se candidatar ao Palácio dos Bandeirantes. Ele também pediu desculpas por ter ironizado um pedido de transferência do então ex-presidente ao presídio de Tremembé, em agosto de 2019, que foi revogado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) antes que se concretizasse. Doria, que já era governador, disse que o petista seria "tratado como os outros presidiários" e que teria a oportunidade de "fazer algo que jamais fez na vida: trabalhar". Para o ex-chefe do Executivo paulista, essa frase teria sido "imprópria e inadequada". "Eu não poderia jamais confrontar a Justiça. A Justiça determinou que ele fosse mantido dentro do sistema prisional, mas aquela frase foi uma frase imprópria e inadequada, pela qual eu me desculpo, inclusive", disse o ex-governador.
Em 2007, Doria liderou ao lado de outros empresários e artistas o "Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiro", conhecido como "Movimento Cansei". O coletivo fez oposição ao governo Lula e surgiu no período do caos aéreo após o acidente do vôo TAM 3054, que deixou 187 mortos nas imediações do Aeroporto de Congonhas, na capital paulista. Em 2018, Doria foi eleito governador com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em uma dobradinha que ficou conhecida como BolsoDoria. Durante o mandato, ele se afastou do então presidente, principalmente nas questões que envolveram o combate à pandemia de covid-19. Doria tentou se firmar como um nome da terceira via, com uma pré-candidatura à Presidência da República pelo PSDB no ano passado. Porém, a participação na disputa pelo Planalto não se concretizou. Ao Estadão, o ex-governador disse que votou nulo tanto nas eleições nacionais entre Bolsonaro e Lula quanto na estadual entre Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT).
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