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Dinheiro na meia, porta-malas, subsolo, caixas de papelão; PF apreendeu R$ 49,5 mi nas eleições

Na semana do primeiro turno das eleições, a Polícia Federal promoveu um "arrastão eleitoral" e colocou nas ruas ao menos 77 operações em 23 Estados para desbaratar crimes patrocinados por políticos, em especial a compra de votos. Nessa ofensiva sem preced

Pepita Ortega (via Agência Estado)

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Escrito por Pepita Ortega (via Agência Estado)
Publicado em 06.10.2024, 18:04:00 Editado em 06.10.2024, 18:12:08
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Na semana do primeiro turno das eleições, a Polícia Federal promoveu um "arrastão eleitoral" e colocou nas ruas ao menos 77 operações em 23 Estados para desbaratar crimes patrocinados por políticos, em especial a compra de votos. Nessa ofensiva sem precedentes, a PF flagrou candidatos usando dinheiro à farta para aliciar eleitores, especialmente de pequenos municípios do Norte e do Nordeste. Para driblar baixos índices de popularidade eles adotaram estratégias de compra de apoio nas urnas oferecendo simpatias e mimos, a saber: exames médicos de graça, material de construção, gasolina, motores de carro, roçadeiras, sacas de cimento, "cheque moradia", cestas básicas e por aí vai.

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Por reeleição, alguns atraíram eleitores com a promessa de cargos públicos de boa remuneração. A distribuição de valores em espécie seguiu, por vezes, rito escancarado, desprovido de cautelas - registros de pagamentos via PIX e imagens de chuva de dinheiro na via pública comprovam a prática e reforçam os feitos de competência da PF.

O balanço do primeiro turno é revelador: a PF apreendeu R$ 49,5 milhões em espécie durante as operações eleitorais. No Pará, um flagrante de R$ 5 milhões com um coronel da Polícia Militar e outro de R$ 1,1 milhão estocados em um jatinho no qual se encontrava um funcionário público no Aeroporto Internacional de Belém - a aeronave, avaliada em R$ 11 milhões, também foi apreendida.

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Os federais acharam dinheiro em malas, caixas de papelão, porta-malas, subsolo, porta-luvas e dentro da meia. Em um episódio, para tentar escapar do flagrante, suspeitos até se passaram por policiais penais.

Segundo o diretor-geral da Polícia Federal, delegado Andrei Rodrigues Passos, os inquéritos de caixa dois e compra de votos apuram, em especial, possíveis desvios do fundo eleitoral ou dinheiro proveniente do patrocínio ilegal de campanha.

"A Polícia Federal é também a polícia judiciária eleitoral, e portanto criou um modelo de operação para combater todas as modalidades de crimes que afetem as eleições. Cumprimos nossas missões constitucionais com muito vigor, com autonomia e responsabilidade, e os resultados são fruto da dedicação de milhares de policiais federais, a partir de diretrizes claras e uma coordenação nacional efetiva", afirmou Andrei ao Estadão.

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Em meio às diligências da PF chamam a atenção operações em série contra a influência de facções do crime organizado. O tráfico e o contrabando miram administrações públicas e câmaras de vereadores por meio do aliciamento de candidatos. Faccionados pegos com títulos de eleitores que foram alvo de intimidações para votar em candidatos escolhidos pelo crime.

A PF identificou durante a campanha do primeiro turno a escalada de facções nas eleições de ao menos cinco Estados: Amazonas, Rio Grande do Sul, Acre, Ceará e Amapá. Na Paraíba, os federais prenderam a primeira-dama de João Pessoa Lauremília Lucena. Suspeita-se que sua gestão mantém as portas abertas para a facção Nova Okaida.

Como mostrou o Estadão, o PCC em São Paulo avança a passos largos no universo político. Também foram realizadas ações contra a disseminação de desinformação contra candidatos e casos de violência política de gênero. No Ceará, investigados instalaram uma escuta clandestina para captar diálogos íntimos de um candidato e usá-los em vídeos recheados de calúnias e ameaças. No Pará, a PF barrou investigados que mesclaram pornografia com vídeos de campanha de uma vereadora trans.

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Outro foco da PF foi o uso da máquina pública para corrupção eleitoral. Acenos ao coronelismo. Recursos do erário para compra de votos, distribuição de combustíveis e auxílios diversos. Servidores públicos foram detidos a bordo de veículos de campanha espalhando valores aos eleitores.

Em Parintins, no Amazonas, policiais militares e a cúpula do Governo, pessoal de patente na hierarquia do Executivo, estão sob suspeita de montarem um audacioso esquema para alçar uma aliada à prefeitura.

As estratégias e truques incluem arregimentação de eleitores, compra de desistência de adversários, mudança de domicílio eleitoral e até aliciamento de menores.

Um candidato está sob investigação pela suposta aquisição de 3,6 mil votos em Boa Vista. Outro, em Minas, conseguiu transferir cerca de mil títulos de Governador Valadares para Divino das Laranjeiras, incrementando em 25% o colégio eleitoral.

A PF ainda conseguiu identificar, em alguns casos, os alvos dos corruptores. Em Roraima, um candidato foi flagrado em vídeo dizendo a um eleitor com deficiência visual que outra pessoa votaria em seu lugar. Na residência de outro político, a PF encontrou cópias de títulos de eleitores indígenas. No Piauí, 300 motoristas de aplicativo foram pegos recebendo entre R$ 100 e R$ 200 cada um por um "adesivaço".

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