O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques prestou depoimento na sede da Polícia Federal (PF) em Brasília na tarde desta quinta-feira, 10, no inquérito que investiga se a corporação foi usada para interferir no segundo turno das eleições 2022.
Ele respondeu todas as perguntas e voltou a negar o uso do cargo para favorecer o então presidente Jair Bolsonaro. O ex-diretor da PRF afirmou que o trabalho da corporação durante as eleições seguiu diretrizes definidas pelo Ministério da Justiça. Também negou ter tido acesso à planilha encontrada pelos investigadores no celular de uma ex-servidora do governo, com dados sobre as regiões onde Lula liderava a disputa.
Silvinei chegou à sede da PF em Brasília perto das 14h, já passando mal, com pressão alta. Ele foi atendido por bombeiros e então começou a responder as perguntas dos investigadores. O depoimento durou cerca de três horas.
Os advogados do ex-diretor-geral da PRF falaram com a imprensa após acompanharem a oitiva. A defesa afirmou que as autoridades não ofereceram acordo de colaboração premiada e que Silvinei não tem interesse na delação. "Ele nunca aceitaria. Delação premiada é para criminoso. Ele é uma pessoa do bem, um herói nacional", disse o advogado Eduardo Pedro Nostrani Simão.
A previsão é que ele continuará preso em Brasília. Uma transferência para Florianópolis, onde mora, foi descartada. A defesa, no entanto, afirma que entregou documentos que isentam o ex-diretor da PRF e espera a revogação da prisão preventiva.
"A gente chegou a suspeitar de perseguição política, já que não tem elementos, mas na verdade a gente verificou que o delegado foi induzido em erro", afirma Simão. "Com os elementos de prova ele vai chegar à conclusão de que realmente essa prisão foi desnecessária."
O aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso em Florianópolis nesta quarta, na Operação Constituição Cidadã. O celular dele também foi apreendido.
A Polícia Federal tenta esclarecer a dinâmica de uma reunião que aconteceu no dia 19 de outubro de 2022, onze dias antes do segundo turno, com diretores, superintendentes e todos os coordenadores gerais. O uso de celulares foi proibido.
Mensagens trocadas entre o policial rodoviário federal Adiel Pereira Alcântara, ex-coordenador de análise de inteligência da PRF, e o então diretor de inteligência Luís Carlos Reischak Júnior chamaram a atenção dos investigadores.
O diálogo indica que houve orientação de uma ação ostensiva para o dia 30 de outubro (segundo turno). Em um trecho, eles mencionam abordagens de "ônibus que levam passageiros de São Paulo para o Nordeste"'.
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