O arquiteto e deputado federal Abílio Brunini (PL), de 40 anos, elegeu-se prefeito de Cuiabá neste domingo (27). Às 18h13, com 99,84% das seções eleitorais contabilizadas, Brunini tinha 53,8% dos votos válidos, contra 46,2% do desafiante Lúdio Cabral (PT). Ao longo da campanha, o deputado federal contou com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Ambos estiveram em Cuiabá e participaram de atos de campanha de Abílio.
O duelo na capital matogrossense representou um enfrentamento direto entre um candidato apoiado pelo governo Lula (PT) e Bolsonaro, e o ex-presidente prevaleceu.
Esta será a primeira vez que o PL governará Cuiabá. A vitória de Abílio representa a força do eleitorado de direita e conservador na capital matogrossense, e o fracasso da estratégia adotada pelo candidato do PT, Lúdio Cabral. Nos últimos dias, Lúdio fez um movimento de aproximação com o eleitorado de centro, deixando de lado pautas da esquerda como o aborto, a legalização das drogas e a "ideologia de gênero".
Deputado federal em primeiro mandato, Abílio conquistou o primeiro cargo eletivo em 2016, quando tornou-se vereador em Cuiabá pelo Partido Social Cristão (PSC), partido tradicionalmente ligado aos evangélicos. Seu mandato de vereador acabou cassado em 2020, por quebra de decoro - ele conseguiu reverter a condenação e reconquistou os direitos políticos.
No último domingo (21), um grupo de líderes protestantes realizou um ato de apoio a Brunini em um hotel da capital cuiabana. Ele é casado com a vereadora eleita em Cuiabá Samantha Iris (PL).
Durante sua passagem pelo Congresso Nacional, Brunini se notabilizou por defender os vândalos que depredaram a sede do Supremo Tribunal Federal (STF) nos protestos de 8 de janeiro. O deputado chegou a ser expulso de uma sessão da CPI que investigou o caso em setembro passado, sob a acusação de tumultuar os trabalhos.
A vitória de Brunini também é uma mostra do poder do grupo político de Jair Bolsonaro no Centro Oeste, uma região tradicionalmente conservadora. "Onde tem PT tem desgraça, tem fome, destruição, mentira e retrocesso, mas estamos aqui para falar que, dia 27, é Abilio prefeito", disse a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro num ato de apoio a Brunini em meados deste mês, em Cuiabá.
"O que explicaria a vitória do Abílio é a agenda conservadora consolidada, que agora se sabe que tem a maioria do eleitorado em Cuiabá. É possível que ele tenha, com uma candidatura mais ideológica, convencido o eleitor. Sempre se apresentou como um conservador, e muito ligado a Jair Bolsonaro. Desta vez, foi suficiente para formar maioria", diz o cientista político Raimundo Franca, que é professor da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat).
Quarta maior cidade da Região Centro-Oeste do Brasil, Cuiabá soma cerca de 682 mil habitantes, segundo a última estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Graças ao agronegócio, a cidade vem enriquecendo nos últimos anos. Atualmente, o rendimento médio dos trabalhadores formais da capital matogrossense é de 3,7 salários mínimos (pouco mais de R$ 5 mil), o 35º maior do Brasil. Mesmo assim, Cuiabá ainda enfrenta desafios, como uma taxa de escolarização de suas crianças abaixo da mediana do país; quase 20% das residências sem esgotamento sanitário; e só 34% das vias urbanizadas.
Segundo pesquisa recente do instituto Atlas Intel, os principais problemas da cidade, na percepção dos eleitores, são a saúde (apontada por 81,2%), a corrupção dos agentes públicos (47,5%), e a criminalidade (31,3%).
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