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CPI do MST é instaurada e Salles, ex-ministro de Bolsonaro, será relator

A Câmara instalou nesta quarta-feira, 17, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Tralhadores Rurais Sem Terra (MST) e delegou a Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do governo Jair Bolsonaro, a função de preparar o relatório com os resu

Weslley Galzo (via Agência Estado)

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Escrito por Weslley Galzo (via Agência Estado)
Publicado em 17.05.2023, 21:30:00 Editado em 17.05.2023, 21:35:13
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A Câmara instalou nesta quarta-feira, 17, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Tralhadores Rurais Sem Terra (MST) e delegou a Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do governo Jair Bolsonaro, a função de preparar o relatório com os resultados da investigação que mira as lideranças e os financiadores do grupo.

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O comando da CPI ficará nas mãos do deputado coronel Zuco (Republicanos-RS), que terá como vice-presidentes os parlamentares Kim Kataguiri (União Brasil-SP), Fábio Costa (PP-AL) e Evair de Melo (PP-ES). Todos os membros da mesa diretora da CPI integram a bancada ruralista na Câmara.

Zuco afirmou que os parlamentares da CPI precisam compreender que "existe fato concreto" envolvendo a atuação do MST. "Em 2023, ocorreu e está ocorrendo uma escalada de invasões em propriedades privadas. Então cabe a essa CPI trabalhar a paz no campo e trazer de volta a segurança no campo", afirmou o presidente da comissão.

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A mesa diretora da CPI agora organiza o plano de trabalho das próximas sessões. Segundo Salles, o objetivo da relatoria é dar início a diligências e autorizar visitas a locais em que a atuação do MST é mais recorrente. O relator ainda afirmou que a convocação de ministros do governo Lula "é sempre uma possibilidade", mas que só vão chamar as autoridades quando houver "justificativa".

"Em relação ao MST, à Frente Nacional de Luta, à Via Campesina e qualquer outro movimento de invasão de propriedade, o que nós queremos estabelecer - e de novo faço menção ao nosso presidente coronel Zuco - é que existe uma lei no Brasil que protege a propriedade privada. Todas as ações que são criminosas e de desrespeito à propriedade privada devem ser indicadas e investigadas por essa CPI, seja do MST ou de qualquer outro grupo'", disse Salles.

Em sua fala de posse da relatoria, Salles afirmou que a CPI vai diferenciar os produtores assentados da agricultura familiar dos "invasores de terras"."Será um trabalho técnico, objetivo, com o máximo de imparcialidade e esperamos contar com aqueles que tem uma visão diferente: favorável aos movimentos e à reforma agrária", disse Salles.

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Dentre os vinte deputados que compõem a CPI, apenas três não são membros da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). O controle absoluto da apuração pelos ruralistas deve colocar as lideranças do MST contra a parede e ainda buscará desgastar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela aliança histórica do movimento com o PT.

A deputada Sâmia Bonfim (PSOL-SP) chegou a apresentar questão de ordem para impedir que Salles assumisse o relatório da apuração por, segundo ela, haver conflito de interesses entre a atuação do parlamentar e o tema da comissão.

Sâmia citou que Salles é investigado pela Justiça do Pará por suspeita de corrupção e exportação ilegal de madeira quando ocupou o cargo de ministro do Meio Ambiente durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A deputada ainda afirmou que Salles tem interesses econômicos na investigação por ter recebido doações de campanha do empresário do ramo agropecuário Rubens Ometto, dono do grupo Cosan.

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"Ele (Salles) tem um interesse ideológico, político e econômico, pois os financiadores do deputado Ricardo Salles querem que ele preste contas do dinheirão que o trouxe até aqui", disse Sâmia.

A questão de ordem da parlamentar acabou rejeitado pelo presidente Zuco. O deputado alegou que os argumentos apresentados por Sâmia eram subjetivos e que Salles poderia se declarar impedido em votações relacionadas aos temas pelos quais é investigado. A rejeição do pedido de Sâmia foi aplaudida pela maioria dos deputados e assessores que acompanhavam a sessão do plenário.

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Ao se defender, Salles argumentou que não está impedido porque não atua como produtor rural, tampouco tem relação com "atividades de invasão de propriedade". Ele ainda atacou a Sâmia e acusou a parlamentar de ter conflito de interesse por "empregar em seu gabinete" a esposa de José Rainha, ex-líder do MST preso por acusações de extorsão. "Ela (Sâmia) está umbilicalmente ligada a esse pessoal da quadrilha de invasão de propriedade no nosso País", disse.

Bate boca

Logo após a instalação da CPI, houve o primeiro bate boca entre os deputados Éder Mauro (PL-PA) e Sâmia. O parlamentar chamou o MST de organização criminosa. Sâmia, por sua vez, disse que Mauro defende torturadores e agora tenta criminalizar movimentos sociais.

A deputada Caroline de Toni (PL-SC) reforçou o coro de que o MST atua como organização criminosa e cobrou a investigação das nomeações de membros do movimento às superintendências do Instituto Nacional de Reforma Agrária e Colonização (Incra) após viagem de João Stédile, fundador do grupo, com Lula à China.

Ao deixar a sessão, Sâmia foi abordada por uma jornalista que indagou se ela emprega em seu gabinete a ex-esposa de José Rainha. A interpelação deu início a mais um bate boca, desta vez com a presença de assessores que acompanhavam a reunião. Os seguranças da Casa chegaram a expulsar a jornalista para garantir a retomada da sessão.

Além de Sâmia, outros sete deputados são de partidos que integram a base do governo Lula, como PDT, MDB, PSD e União Brasil. A maioria desses parlamentares, porém, pertence a alas de oposição ao Palácio do Planalto, o que coloca Sâmia na condição de voz isolada em defesa do MST na comissão. O único deputado titular e integrante da base que se uniu à defesa do MST foi Max Lemos (PDT-RJ), que acusou grandes produtores rurais de terem adquirido suas propriedades por meio de grilagem e uso da força.

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