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Covaxin repete roteiro já investigado

Pressão de autoridades do Ministério da Saúde, pedido de pagamento antecipado, recusa de servidor em assinar documentos e ingerência externa. Os elementos que fizeram parte do processo de compra da vacina indiana Covaxin, segundo apura a Comissão Parlamen

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 07.07.2021, 13:00:00 Editado em 07.07.2021, 13:07:58
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Pressão de autoridades do Ministério da Saúde, pedido de pagamento antecipado, recusa de servidor em assinar documentos e ingerência externa. Os elementos que fizeram parte do processo de compra da vacina indiana Covaxin, segundo apura a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, não são inéditos na negociação entre a pasta e empresas de Francisco Maximiano, o sócio da Precisa Medicamentos, que intermediou o contrato hoje alvo de investigação.

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Em 2017, uma compra de medicamentos de alto custo contra doenças raras da Global Gestão em Saúde, outra empresa de Maximiano, virou alvo do Ministério Público Federal, que a denunciou por participação em um esquema de desvio de recursos públicos. Na ocasião, a Saúde pagou a ele R$ 19,9 milhões antecipadamente pelos remédios, que nunca foram entregues.

Em depoimentos, servidores da pasta relataram suspeitas na aquisição dos remédios, e pontos em comum com o caso da Covaxin, como pedido de pagamento antecipado dos R$ 19,9 milhões à Global; pressão de nome ligado ao Centrão para fazer o pagamento; recusa de um servidor em assinar o pagamento antecipado; ingerência de Maximiano a um servidor do ministério, via e-mails; participação de Thiago Fernandes da Costa, que foi coordenador de Compra por Determinação Judicial da pasta, hoje assessor do Departamento de Imunização de Doenças Transmissíveis.

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Cinco anos depois, o chefe da área de importação do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, denunciou um roteiro semelhante. Em depoimento à CPI, no dia 25, ele disse ter sofrido "pressões atípicas" para acelerar a compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin por R$ 1,6 bilhão - entre eles, Roberto Ferreira Dias, nome ligado ao Centrão e que, até a semana passada, comandava o Departamento de Logística.

Segundo Luis Ricardo, uma fatura que previa pagamento antecipado chegou a ser enviada ao seu setor, mas ele se recusou a assinar e acionou seu irmão, o deputado Luis Miranda (DEM-DF). Documentos entregues pelos irmão à CPI indicaram ainda a participação de Thiago Fernandes na compra da Covaxin. Ele é réu na ação por improbidade administrativa pelo pagamento à Global.

Líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR) foi ministro da Saúde entre 2016 e 2018, quando o negócio com a Global foi fechado. A citação a Barros é outro ponto de convergência entre os dois casos. À CPI, Miranda disse que levou as suspeitas ao presidente Jair Bolsonaro em março. Na ocasião, segundo o parlamentar, Bolsonaro se referiu às denúncias como "mais um rolo" de Barros.

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Apesar dos pontos em comum, servidores da pasta apontam algumas diferenças entre os casos. No contrato da Global, havia decisão judicial que determinava a compra, o que foi usado como justificativa para autorizar o pagamento antecipado. No caso da Covaxin, havia demanda emergencial, em modalidade criada por lei específica e, até o momento, não houve pagamento.

A defesa de Thiago Fernandes afirmou ele não participou das supostas irregularidades. Procurado, Maximiano não se manifestou. A reportagem não localizou Barros nesta terça-feira, 6. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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