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Cid diz que Bolsonaro pediu levantamento sobre joias e venda para arrecadar dinheiro

Em um dos depoimentos prestados pelo tenente-coronel Mauro Cid, delator no inquérito que investigou esquema envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em uma tentativa de Golpe de Estado, há declaração de que o ex-chefe do Poder Executivo federal pedi

Heitor Mazzoco (via Agência Estado)

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Escrito por Heitor Mazzoco (via Agência Estado)
Publicado em 21.02.2025, 09:50:00 Editado em 21.02.2025, 09:58:41
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Em um dos depoimentos prestados pelo tenente-coronel Mauro Cid, delator no inquérito que investigou esquema envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em uma tentativa de Golpe de Estado, há declaração de que o ex-chefe do Poder Executivo federal pediu levantamento de valores de presentes recebidos de autoridades da Arábia Saudita. O esquema da entrada ilegal de joias sauditas no País por Bolsonaro foi revelado em março de 2023 pelo Estadão.

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O depoimento ocorreu à Polícia Federal, em agosto de 2023. O conteúdo do depoimento, incluindo os vídeos das oitivas, foi tornado público na quarta-feira, 19, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Ex-presidente tem dito que a delação de Cid é "fantasiosa". Ele também afirma que denúncia da Procuradoria-Geral da República é 'inepta', 'precária' e 'incoerente'.

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"Ele pediu para verificar quais seriam os presentes que poderiam ter algum valor. A maneira mais fácil de quantificar seria pelos relógios, por causa da marca. Eu fiz um levantamento. A gente viu qual relógio poderia ser quantificado, qual podia realmente ter algum valor. Nessa relação, o Rolex estava entre eles. Apresentei essa lista (para Bolsonaro) e ele falou: 'Pô, bicho, vamos tentar vender isso aqui?' Ele autorizou a vender o Rolex e outros apetrechos", afirmou Cid em seu depoimento à PF.

Ainda de acordo com Cid, o então presidente Bolsonaro tinha intenção de vender os produtos recebidos na condição de chefe de Estado para arcar com multas judiciais. Ele citou, por exemplo, uma condenação sofrida pelo então presidente em uma ação movida pela deputada federal Maria do Rosário (PT-RS).

"Multas que recebia pelo não uso de máscara, pelo não uso de capacete. Os gastos com ações judiciais, como (processo) da Maria do Rosário, em que ele foi em R$ 500 mil multado", afirmou em outro trecho da gravação.

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Em julho do ano passado, a PF indiciou Bolsonaro e outras 11 pessoas no caso das joias sauditas. A corporação imputa ao ex-chefe do Executivo supostos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Em sua delação, Mauro Cid afirmou que entregou ao ex-presidente US$ 86 mil decorrentes da venda de joias recebidas como presentes enquanto chefe de Estado.

O montante corresponde a US$ 68 mil obtidos com a venda dos relógios Rolex e Patex Philippe a uma loja na Filadélfia e mais US$ 18 mil da venda de demais joias em um centro especializado de Miami, ambas cidades nos Estados Unidos. O valor foi fracionado e entregue em espécie a Bolsonaro em diferentes ocasiões, para evitar que "circulasse no sistema bancário", segundo Cid.

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As joias eram um presente do regime saudita para o então presidente e a primeira-dama Michelle Bolsonaro e foram apreendidas no aeroporto de Guarulhos (SP). Estavam na mochila de um militar, assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que viajara ao Oriente Médio em outubro de 2021.

Ao saber que as joias haviam sido apreendidas, o ministro retornou à área da alfândega e tentou usar o cargo para liberar os diamantes. Foi nesse momento que Albuquerque disse que se tratava de um presente do governo da Arábia Saudita para Michelle. A cena foi registrada pelas câmeras de segurança, como é de praxe nesse tipo de fiscalização. Mesmo assim, o agente da Receita reteve as joias, porque, no Brasil, é obrigatória a declaração ao Fisco de qualquer bem que entre no País cujo valor seja superior a US$ 1 mil.

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