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Caso Bruno e Dom: PF impõe sigilo sobre efetivo na região do Vale do Javari

A Polícia Federal, liderada pelo delegado Andrei Passos Rodrigues, impôs sigilo sobre a quantidade de policiais destacados para atuar na delegacia de Tabatinga (AM), na fronteira com a Colômbia e com o Peru. Durante o governo de Jair Bolsonaro essa inform

Vinícius Valfré (via Agência Estado)

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Escrito por Vinícius Valfré (via Agência Estado)
Publicado em 29.03.2023, 19:00:00 Editado em 29.03.2023, 19:07:17
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A Polícia Federal, liderada pelo delegado Andrei Passos Rodrigues, impôs sigilo sobre a quantidade de policiais destacados para atuar na delegacia de Tabatinga (AM), na fronteira com a Colômbia e com o Peru. Durante o governo de Jair Bolsonaro essa informação era pública. A unidade é responsável pelo combate ao crime nas cercanias do Vale do Javari, terra indígena onde o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips foram assassinados no ano passado.

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Em resposta a um pedido formulado por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), os dados apresentados pela gestão anterior da PF permitiram a constatação de que o número de policiais em Tabatinga vinha caindo ao longo dos anos. Sob Bolsonaro, atingiu o menor patamar em uma década.

O combate ao crime organizado na região é considerado complexo por causa da forte atuação do tráfico internacional de drogas e das peculiaridades da fronteira. Como mostrou o Estadão, cartéis internacionais de drogas atuam dentro da terra indígena e exercem influência sobre nativos e ribeirinhos para operar rotas de escoamento de drogas e de armas longe da fiscalização.

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A um novo pedido de dados sobre o efetivo policial nas delegacias do Amazonas, idêntico ao feito em julho do ano passado, a resposta foi a de as informações solicitadas são classificadas como secretas. Em recurso à negativa, a reportagem alegou que o pedido era idêntico ao que havia sido atendido meses atrás pela própria PF.

Em resposta ao recurso, o diretor-geral, Andrei Passos Rodrigues, afirmou que o pedido é "desarrazoado" e em "desconformidade com os interesses públicos do Estado em prol da sociedade". Para Passos Rodrigues, a disponibilização dos dados pela gestão passada foi equivocada.

"Cabe ressaltar que o eventual fornecimento equivocado de informações semelhantes em outro processo não determina que as mesmas sejam novamente fornecidas", afirmou, na resposta apresentada ao pedido de LAI.

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Em julho de 2022 havia 32 policiais federais lotados em Tabatinga, sendo três delegados, cinco escrivães e 24 agentes. É o mesmo quantitativo de 2012. Nos anos seguintes, até 2020, a delegacia de Tabatinga variou entre 34 e 38 profissionais. Em 2021, caiu ao menor patamar do período, com 30 policiais.

Segundo investigadores, indigenistas e servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai), o crime organizado se beneficia da tímida presença do Estado na região do Javari. Policiais federais ouvidos dizem, sob a condição de anonimato, que o efetivo não é suficiente para dar resposta à quantidade de crimes de que se tem notícia.

Na semana passada, a Polícia Federal deslocou uma balsa de sua frota de Manaus para Atalaia do Norte, município que dá acesso à terra indígena do Vale do Javari e está na fronteira com o Peru. A embarcação com capacidade para comportar até 300 pessoas, segundo as informações oficiais, "cumprirá diversas diligências no decorrer dos próximos dias".

A balsa foi enviada à cidade semanas após uma visita à região feita pelo ministro da Justiça, Flávio Dino. A princípio, a estrutura ficará por tempo indeterminado em Atalaia do Norte. A PF não informou o número de policiais enviados junto com a embarcação. Uma das principais críticas de lideranças indígenas da região é a de que as ações federais no Javari são pontuais e esparsas, e que a estrutura policial e de amparo aos povos indígenas não é reforçada.

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