Menos de uma semana após a saída de Luiz Henrique Mandetta do governo Bolsonaro, o presidente da República foi ao hotel de trânsito de oficiais, em Brasília, para uma visita. Lá, no dia 21 de abril, reuniu-se com o general Eduardo Pazuello, que seria oficializado como numero 2 do Ministério da Saúde.
A escolha de Pazuello foi comunicada ao então ministro Nelson Teich. Foi uma decisão pessoal do presidente Jair Bolsonaro, avalizada pelos militares que ocupam cargos políticos no governo.
Bolsonaro estava animado com Pazuello. Na visita ao hotel de trânsito, Bolsonaro ouviu uma explanação de dados sobre a Covid-19. O blog publicou no dia 21 de abril que "assessores do presidente afirmaram que Pazuello estava levantado dados do coronavírus que divergiam dos apresentados pela equipe do ex-ministro Mandetta”.
Mandetta saiu dia 16 de abril do governo. O relato ao blog foi publicado no dia 21 de abril, dia do encontro entre Bolsonaro e Pazuello. Os presentes naquele encontro, incluindo o presidente, ouviram o que não ouviam de Mandetta, dos técnicos da Saúde, tampouco dos estados as secretarias de Saúde — e reclamavam, pois achavam que a pasta estava divulgando números muito ruins. Mandetta sempre repetiu que eram números reais, e a população tinha direito de saber a realidade, com transparência. Nos bastidores, técnicos da Saúde de diferentes estados repetiam temer, com a nova gestão, uma estratégia de ocultação de números, como aconteceu na ditadura, durante o surto de meningite.
Mais de um mês depois da reunião, o Ministério da Saúde divulgou neste domingo (7) dados diferentes sobre a quantidade de mortos e infectados por Covid-19. Questionado, o governo ainda não explicou a razão da diferença dos dados.
Naquele dia 21 de abril, a versão de fontes do governo era a de que fora avaliado que estados "estariam maquiando números" — o que é rechaçado pelos estados — para receber mais recursos. E que Pazuello ficara encarregado de resolver a questão. Nas palavras de um general, Pazuello "é o homem que faz acontecer".
Bolsonaro gosta do general, e faz elogios ao trabalho do ministro efetivo interino da Saúde. Nos bastidores do Planalto, Pazuello, segundo interlocutores de Bolsonaro, agrada tanto que, mesmo sem ser médico, é chamado de "doutor Pazuello" pelo presidente e seus assessores
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