Aliados do general Walter Souza Braga Netto já tratam o ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro como um nome fora da disputa pela Prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições municipais do ano que vem. Os impactos da operação da Polícia Federal (PF) por supostas fraudes na destinação de verbas durante a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro e uma resistência recente do próprio militar em levar a candidatura adiante devem pesar na escolha do diretório do PL na capital fluminense para a definição das chapas que disputarão o Palácio da Cidade. O general da reserva é a aposta de Bolsonaro para agradar a seu eleitorado tradicional na cidade e evitar um racha do grupo político. Inocentado por unanimidade pelos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no caso da reunião com embaixadores, o ex-ministro da Casa Civil está livre, até o momento, para concorrer às eleições municipais do ano que vem. Apesar do apoio do clã Bolsonaro, Braga Netto tem reavaliado a intenção de disputar a prefeitura, segundo nomes do PL. O general tem dito que prefere concorrer a um cargo no Senado ou até disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados em 2026, de acordo com os arranjos da legenda. Integrantes do PL afirmam que, com a operação, "está enterrada qualquer possibilidade" de candidatura. O presidente do PL no Rio de Janeiro, deputado Altineu Côrtes, e o presidente nacional da sigla Valdemar Costa Neto ainda devem se reunir com o vice na chapa de Bolsonaro na última eleição para traçar a estratégia eleitoral. No momento, interlocutores avaliam que ele deve "focar 100%" em sua defesa. Braga Netto, que comandou a intervenção na capital fluminense em 2018, diz que "não houve qualquer repasse de recursos ou irregularidade por parte da administração pública" durante o período e que "os contratos do Gabinete de Intervenção Federal (GIF) seguiram absolutamente todos os trâmites legais previstos na lei brasileira".
O general foi um dos poucos oficias militares da reserva que passaram pelo governo Bolsonaro sem perder a confiança do então presidente e seus filhos. Em novembro passado, após a derrota para Lula na disputa presidencial, Braga Netto demonstrou simpatia pelo movimento que preparava um golpe. "Vocês não percam a fé, tá bom? É só o que eu posso falar para vocês agora", disse o militar a simpatizantes que defendiam, na portaria do Palácio da Alvorada, uma intervenção militar. Quase dois meses depois, apoiadores de Bolsonaro invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Pesquisas internas do PL indicavam que Flávio Bolsonaro teria dificuldades em vencer o prefeito e eventual candidato à reeleição Eduardo Paes (PSD), que busca o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Após barrar o filho e senador, Flávio Bolsonaro (PL), na disputa pela Prefeitura do Rio, Bolsonaro apostava todas as fichas na candidatura de seu vice na chapa derrotada nas eleições do ano passado à sucessão municipal de 2024. A decisão de Jair Bolsonaro de tirar o filho do processo sucessório municipal levou em conta, ainda, o impacto das denúncias de corrupção envolvendo a família. No entanto, as escolhas do ex-presidente têm incomodado o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, como mostrou a
Coluna do Estadão.
Com a saída do senador do jogo e com as chances cada vez menores de Braga Netto ser lançado candidato, a disputa interna no diretório do PL fluminense pela indicação de um novo candidato deve voltar a ser tema de discussão entre deputados, vereadores e dirigentes do PL no Estado. Além de Braga Netto, o deputado federal e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, o senador Carlos Portinho e os deputados estaduais Márcio Gualberto e Alan Lopes trabalham pela indicação ou pelo posto de vice, em caso de composição com outros partidos.
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