O advogado Frederick Wassef afirmou, em pelo menos duas ocasiões no ano passado, desconhecer o paradeiro do ex-assessor Fabrício Queiroz. "Não sei. Não sou advogado dele", disse ele em entrevista à GloboNews, em setembro. Em junho, negou à revista Veja conhecer o ex-policial militar. O próprio senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) dizia, em conversas reservadas, que não tinha mais contato com o ex-assessor e que poderia até ir preso por obstrução da Justiça se entrasse em contato com ele.
A interlocutores Wassef repetia a versão de que não tinha contato com Queiroz, embora o ex-assessor tenha sido preso ontem em um imóvel dele. O advogado representa Flávio no caso que investiga suspeita de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio, o que levanta a suspeita sobre uma possível troca de informações entre investigados e poderia representar tentativa de obstrução da Justiça. Flávio também já afirmou não saber o paradeiro do ex-assessor e chegou a alertar que não mantinha mais contato com Queiroz para que isso não fosse interpretado como crime.
Wassef se apresenta como advogado de Bolsonaro, mas não atua formalmente em nenhuma causa. É presença constante nos palácios do Planalto e do Alvorada, no entanto, não costuma aparecer nas agendas oficiais de Bolsonaro. Nos registros aparecem apenas três encontros no último ano, mas ele esteve ao menos sete vezes nos últimos seis meses com o presidente.
Anteontem, Wassef esteve na cerimônia de posse do novo ministro das Comunicações, Fábio Faria. Na semana anterior, ele passou a tarde com o presidente na sede do Executivo e deixou o local por volta das 20h. O motivo do encontro não foi informado. Desde a prisão de Queiroz, na manhã de ontem, Wassef permanece recluso na residência onde mora, no Lago Sul, em Brasília. Além de não deixar a casa, na área nobre da capital federal, Wassef não atendeu ligações da reportagem. Quando tocada a campainha da residência, não houve resposta. Por volta das 8h30, o advogado foi visto na janela da casa.
Outra ocasião em que Wassef esteve com o presidente foi no dia 25 de abril, logo após a demissão do então ministro da Justiça, Sérgio Moro. Ele foi ao Alvorada no mesmo dia em que Bolsonaro discutia a substituição na pasta. O atual chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, que na época tentava assumir o comando da Polícia Federal, também participou do encontro.
Além da família Bolsonaro, Wassef é próximo do secretário especial de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten. Ainda na pré-campanha presidencial, Wassef apresentou Wajngarten, dono da empresa Controle da Concorrência, nome fantasia da FW Comunicação e Marketing, como um homem capaz de abrir portas em emissoras de televisão.
Aproximação
Wassef conheceu Bolsonaro ainda como deputado, em 2016, quando a ideia da candidatura presidencial ainda parecia distante. Depois, na campanha presidencial, o advogado passou a frequentar a casa usada pela equipe de Bolsonaro.
Ele é visto com desconfiança pelos assessores mais próximos de Bolsonaro. O presidente chegou a ser aconselhado a dispensá-lo, mas o modo como agiu justamente no caso Queiroz o garantiu por perto, segundo pessoas próximas ao presidente. O principal momento foi quando Wassef conseguiu suspender no Supremo Tribunal Federal (STF), com a decisão do presidente da Corte, Dias Toffoli, todas as investigações feitas com base no compartilhamento de dados bancários sem autorização judicial, atendendo ao pedido da defesa de Flávio Bolsonaro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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