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Produção da imprensa requer normas claras, afirmam jornalistas

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Não se faz bom jornalismo sem métodos claros. Estão de acordo com essa premissa os jornalistas que participaram do debate sobre o novo "Manual da Redação" da Folha de S.Paulo. O evento nesta quarta-feira (21) reuniu Alon Feuer

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 21.02.2018, 22:55:00 Editado em 21.02.2018, 22:55:08
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Não se faz bom jornalismo sem métodos claros. Estão de acordo com essa premissa os jornalistas que participaram do debate sobre o novo "Manual da Redação" da Folha de S.Paulo.

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O evento nesta quarta-feira (21) reuniu Alon Feuerwerker, analista político da FSB Comunicação, Eugênio Bucci, professor titular da ECA-USP, Eurípedes Alcântara, diretor-presidente da agência Inner Voice, e Fernando de Barros e Silva, diretor de Redação da revista piauí.

Com mediação de Uirá Machado, editor da Ilustríssima e coordenador da comissão responsável pela nova versão do Manual, o evento encerrou a série de debates do 2º Encontro Folha de Jornalismo, em comemoração aos 97 anos do jornal.

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"Você precisa ter método para operar um coração, para dirigir um ônibus. Não vejo por que para fazer jornalismo você não deveria também ter um método", disse Feuerwerker, que elogiou a nova edição do "Manual" pelo estímulo ao jornalismo crítico.

A pedido do mediador, Feuerwerker e os demais integrantes da mesa comentaram opiniões contrárias ao uso de manuais de Redação, como a do jornalista William Waack em debate no primeiro dia do encontro.

"Eu sou contra a regulamentação e a favor de que cada um arque com sua responsabilidade. Sou a favor do bom senso", disse Waack.

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Em discordância com o ex-apresentador da TV Globo, Fernando de Barros e Silva lembrou um trecho de "O Discurso do Método", de René Descartes (1596-1650).

Na sua obra mais conhecida, o filósofo francês ironiza: "O bom senso é a coisa do mundo melhor partilhada, pois cada qual pensa estar tão bem provido dele que, mesmo os que são mais difíceis de contentar em qualquer outra coisa, não costumam desejar tê-lo mais do que o têm".

Para ressaltar a relevância de manuais com normas e orientações, ele citou os obstáculos ao jornalismo contemporâneo no Brasil, como a dificuldade de encontrar novos modelos de negócio e a deterioração do debate e do convívio público no país.

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"Eu diria que hoje o 'Manual' passa a ser talvez mais importante do que naquela época [1984, quando foi lançada a 1ª versão]", disse Barros e Silva, que trabalhou na Folha de S.Paulo por mais de duas décadas.

"A Folha tem uma disposição ao pluralismo e à autocrítica que os outros jornais brasileiros não têm. Digo isso à vontade porque também tenho críticas ao jornal."

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Para Alcântara, ex-diretor da revista Veja, é preciso haver normatização no exercício do jornalismo. "A notícia precisa de um processo -salsichas, leis e notícias-, e o processo descrito no Manual é muito saudável."

De acordo com Bucci, o Manual representa um projeto jornalístico "que se fez cultura no país"." Estamos falando provavelmente do principal projeto de imprensa do Brasil no final do século 20 e começo do século 21."

O professor da USP afirmou ainda que o Manual normatiza, "mas também estabelece cânones de reflexão".

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ERA DA OPINIÃO

Alon Feuerwerker, da FSB, iniciou sua participação lembrando que, no início do desenvolvimento dos portais de internet, havia uma tese -que, segundo ele, não se confirmou- de que o jornalismo digital ia transformar a informação em commodity. Assim, o jornal impresso se distinguiria pelo jornalismo analítico, opinativo.

"O que eu aprendi lendo o 'Manual' é que isso se inverteu. O que virou commodity foi a opinião e o partidarismo na internet e nas redes sociais. E a imprensa profissional, não apenas para sobreviver, mas para crescer, vai ter que se ocupar da informação", afirmou. "E essa inversão é tão verdadeira que esse Manual não é sobre como dar opinião no jornal, é sobre como organizar, produzir e distribuir informação."

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Os jornalistas também comentaram a crítica habitual de que manuais de Redação provocam um empobrecimento do texto. "Seria uma injustiça imensa dizer que a Folha faz um texto insosso", afirmou Barros e Silva. Ele elogiou os ensaios do colunista do jornal Marcelo Coelho e do diretor de Redação, Otavio Frias Filho.

USO DO OFF

Diante de uma questão vinda da plateia do Teatro Folha, os jornalistas também comentaram a utilização do off-the-record, expressão que indica informação cuja fonte é mantida no anonimato.

Em uma das menções ao off, o "Manual" diz que "declarações entre aspas sem identificação nominal do autor só podem ser usadas em casos excepcionais, com autorização da Secretaria de Redação".

Para Feuerwerker, "uma erva daninha da imprensa é o jornalismo de causa. A outra é o off entre aspas".

Elaborada ao longo de 25 meses, a quinta e mais ampla versão do "Manual da Redação" inclui temas como o enfrentamento das "fake news" e a conduta dos jornalistas nas redes sociais.

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