GUSTAVO URIBE
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A ex-ministra dos Direitos Humanos Luislinda Valois enviou carta nesta quarta-feira (21) à Casa Civil desistindo de viagem que faria no sábado (24) para a Suíça.
Mesmo tendo sido exonerada do cargo na segunda-feira (19), o presidente Michel Temer a designou para representar o país na 37ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, em Genebra.
Os custos seriam todos pagos pelos cofres públicos. Agora, o Ministério dos Direitos Humanos ainda não definiu se ainda enviará alguém para o encontro oficial.
Segundo a reportagem apurou, Temer atendeu a pedido de Luislinda que, mesmo depois de ter sido exonerada, argumentou que deveria participar da viagem porque já estava em tratativas avançadas para a reunião.
Com a repercussão negativa de sua presença no encontro durante esta quarta-feira (21), ela acabou recuando e abrindo mão do compromisso.
No início desta semana, o presidente aproveitou reestruturação na Esplanada dos Ministérios para demitir a ministra, após o envolvimento dela em uma série de polêmicas.
MINISTÉRIO DA SEGURANÇA
Temer avalia, com a criação do Ministério da Segurança Pública, rebaixar Direitos Humanos e transformá-lo novamente em uma secretaria nacional subordinada ao Ministério da Justiça.
Ele, contudo, ainda pondera os impactos da iniciativa junto a entidades da área e tem sido aconselhado por assessores e auxiliares presidenciais a mantê-la.
Com a saída de Luislinda, não há mais negros no primeiro escalão da Esplanada dos Ministérios e restou apenas uma mulher: a ministra-chefe da AGU (Advocacia-Geral da União), Grace Mendonça.
No cargo, Luislinda causou mais de uma vez desconforto ao presidente. No ano passado, por exemplo, ela solicitou ao governo o pagamento pelos cofres públicos de pelo menos R$ 300 mil.
O valor retroativo seria a soma da quantia que foi abatida pelo teto constitucional do acumulado do vencimento integral recebido por ela com a aposentadoria de desembargadora pela Bahia.
Segundo a íntegra do pedido, obtida pela Folha de S.Paulo por meio da Lei de Acesso à Informação, ela alegava que o trabalho executado sem a correspondente contrapartida se assemelha a trabalho escravo.
Como não teve resposta, ela chegou a pedir que o processo fosse encaminhado à procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
No início do ano passado, a Folha de S.Paulo revelou também que a ministra afirmava ter sido condecorada com o título de embaixadora da paz da ONU em 2012.
As próprias Nações Unidas, contudo, dizem que o posto não existe. O prêmio, na verdade, foi dado por uma ONG fundada pelo líder religioso coreano Sun Myung Moon.
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