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Dispara a percepção de corrupção no Brasil, aponta pesquisa

MARIO CESAR CARVALHO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Apesar de a Operação Lava Jato ter colocado na prisão políticos e empresários poderosos, a sensação de corrupção no país disparou no último ano, segundo pesquisa da Transparência Internacional. O Brasil pe

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 21.02.2018, 14:15:00 Editado em 21.02.2018, 14:15:08
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MARIO CESAR CARVALHO

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Apesar de a Operação Lava Jato ter colocado na prisão políticos e empresários poderosos, a sensação de corrupção no país disparou no último ano, segundo pesquisa da Transparência Internacional. O Brasil perdeu 17 postos e passou do 79º lugar para a 96º posição passando a figurar ao lado de países como a Zâmbia, a Colômbia e o Panamá, todos com 37 pontos. Com essa posição, o país fica atrás de Ruanda, Burkina Fasso, Timor Leste e Arábia Saudita É a pior posição do Brasil desde 2012. Apesar de a pesquisa da Transparência Internacional existir desde 1996, os dados só são comparáveis estatisticamente desde aquele ano porque houve mudança de metodologia.

Os três países mais íntegros são a Nova Zelândia, Dinamarca e Finlândia, com 89, 88 e 85 pontos, respectivamente. O país mais corrupto é a Somália, com 9 pontos, à frente de Síria (14 pontos) e Sudão do Sul (12). No levanto feito em 80 países, dois terços tiveram nota menor do que 50, o que, nos critérios da Transparência Internacional, significa que falharam no combate à corrupção.

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Quanto maior a pontuação, menos corrupto é o país. A nota é dada a partir de uma série de levantamentos com entidades que fazem análises sobre o setor público brasileiro, como o Fórum Econômico Mundial e a Economist Intelligence Unit.

A pesquisa da TI, chamada de IPC (Índice de Percepção de Corrupção), é a mais respeitada e a mais utilizada no mundo sobre ética e negócios públicos.

Em 2014, quando começou a Lava Jato, o Brasil ocupava a 69ª posição, com 43 pontos. Desde então a percepção de corrupção do país só tem aumentado.

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Essa deterioração da imagem não ocorre por acaso, segundo Bruno Brandão, representante da Transparência Internacional no Brasil.

SEM REAÇÃO

Para Brandão, esse fenômeno ocorre porque o país trouxe à tona um tsunami de negócios ilícitos entre grandes empresários e os governos, mas os parlamentares, muitos dos quais beneficiários desse esquema de suborno, não fizeram nada para alterar a ordem da propina. Ou, como diz a TI em comunicado à imprensa, "os fatores estruturais da corrupção nacional seguem inabalados", já que não houve avanço de medidas de combate.

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"Não houve em 2017 qualquer esboço de resposta sistêmica ao problema; ao contrário, a velha política que se aferra ao poder sabota qualquer intento neste sentido", afirma Brandão no mesmo comunicado.

A sabotagem ocorre, na visão dele, porque a população se dividiu enquanto os políticos cerraram fileiras contra a Lava Jato. "Se as forças que querem estancar a sangria se mostram bastante unidas, a população se divide na polarização cada vez mais extremada do debate público, o que acaba anulando a pressão social e agravando ainda mais a situação".

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Havia uma janela de oportunidade para mudar essa tendência no ano passado, na interpretação da entidade, quando a posição ficou em situação estável (houve uma queda de três posições, apenas). Se a janela fosse aproveitada, diz Brandão, o país poderia ter entrado numa fase virtuosa e começaria a usufruir das mudanças em favor da ética. Mas essa janela foi perdida porque os políticos estavam mais interessados em se salvar.

PROJETOS DE LEI

Para contornar a inação dos políticos, a Transparência Internacional decidiu, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, coletar ideias para mudar o quadro legal no país. As duas instituições colocam em debate um pacote de 80 projetos de lei anticorrupção, resultado de uma pesquisa realizada com 300 entidades do Brasil.

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As ideias partem das Dez Medidas Contra a Corrupção -projeto de lei da força-tarefa da Lava Jato que teve grande mobilização popular e está parado no Congresso-, mas também contêm críticas às ideias dos procuradores.

Na visão da Transparência Internacional, as Dez Medidas tinham um viés excessivamente punitivo e negligenciavam a educação e prevenção, áreas que foram contempladas nos 80 projetos de lei propostos junto com a Fundação Getúlio Vargas.

Ninguém na entidade tem a ilusão de que esses projetos possam ser aprovados pelo atual Congresso. O pacote vai ser o teste de fogo para os deputados e senadores que serão eleitos em outubro.

* O IPC (Índice de Percepção da Corrupção) reúne dados de diferentes levantamentos para medir a percepção de corrupção no setor público do país. Foram consultadas entidades como o Fórum Econômico Mundial e Economist  Intelligence  Unit

* Quanto maior é a percepção de corrupção no país, maior é a posição no ranking    

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