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Em curso de verão, Partido da Causa Operária debate Marx e defende armas

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A esquerda não tira férias. Não no PCO (Partido da Causa Operária), que encerrou na semana passada duas semanas de um "curso de formação teórica marxista" sobre o capitalismo (selvagem, sempre) num ce

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 14.02.2018, 20:25:00 Editado em 14.02.2018, 20:25:08
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ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A esquerda não tira férias. Não no PCO (Partido da Causa Operária), que encerrou na semana passada duas semanas de um "curso de formação teórica marxista" sobre o capitalismo (selvagem, sempre) num centro cultural com nome de militante trotskista, o poeta francês Benjamin Péret.

No mesmo casarão na zona sul paulistana onde realiza sua 41ª Universidade de Férias, a legenda celebrou o réveillon com ceia (peru, pernil, leitão, farofa, maionese, salpicão), bebes (cerveja, vinho, espumante, uísque, refrigerante) e "A Internacional Comunista" tocada pela banda Revolução Permanente -sugestão para evitar "passar o Ano Novo com o tio coxinha, um Doria da vida", uma satisfação ainda maior "do que o open bar", prometia o texto-convite.

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#neoliberalismo #marxismo #revolução #revolution foram algumas das hashtags postadas no Facebook propagandeando o workshop de verão, que teve sua primeira edição nos anos 1990, quando a ruína da União Soviética ainda estava em curso.

Em convocação virtual para o curso, Adolf Hitler, Margaret Thatcher, Augusto Pinochet, Karl Marx e Vladimir Lenin dividem um banner que amontoa personagens históricos tal qual a capa de "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", dos Beatles. É Rui Costa Pimenta, presidente da sigla, quem introduz conceitos marxistas básicos como "mais-valia" na segunda aula de "A Crise Histórica do Capitalismo: do Imperialismo ao Neo-Liberalismo", acompanhada pela reportagem.

Com 12.324 votos (0,01%), Pimenta ficou na lanterninha entre os 11 presidenciáveis de 2014. A necessidade de educar o povo se faz mais necessária do que nunca, "diante do mar de ilegalidade" pelo qual passa um Brasil à beira do segundo "golpe", diz -o primeiro seria o impeachment de Dilma Rousseff, o segundo, a possibilidade de Lula, condenado em segunda instância, não concorrer em 2018.

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Uma prisão do ex-presidente pedirá "reação à altura", diz antes da aula. Para ele, uma "provocação sistêmica contra o povo" pode desembocar em violência. "[A direita] está cutucando a onça com vara curta. Qualquer coisa que a população fizer é legítima defesa."

"Filie-se ao PCO, o partido que defende o armamento do povo", sugere texto de 2016 no site do partido. "A direita 'pacifista' e a esquerda pequeno-burguesa fazem coro contra o armamento do povo, dizendo que isso irá aumentar o número de homicídios etc. O PCO defende [a causa] como parte dos direitos democráticos e como modo de autodefesa contra os ataques da burguesia."

Uma das 110 pessoas inscritas no curso interpela a repórter: quando um expoente da extrema-direita se diz a favor da ideia, você acha que é pra valer? "Que ele quer ver o MST, o PCO, a esquerda armada?"

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Ao seu lado, Maria Cecília, 14, ostenta no pulso uma pulseira onde se lê "peace" (paz). Filha de um dirigente partidário, ela conta que na sua escola "todo mundo é coxinha". É outro o incômodo de Alef de Paula Santos, 23, do coletivo Resista, de Parelheiros, periferia paulistana. "Lá o povo não é direita nem esquerda, é individualista", lamenta Alef.

Na palestra de Pimenta, uma das pupilas quer saber se o capitalismo está por trás da especialização da medicina, esse negócio de "precisar de dez médicos para atender o ser humano", um para joelho, outro para pé etc. O professor nega. É "produto da evolução da própria ciência", argumenta.

Um andar acima, a lojinha do PCO vende capas de iPhone com a imagem de Leon Trótski (R$ 30) e broches que pedem "fora Moro" e "fora imperialismo no Iraque".

O curso do PCO custou R$ 700, com três refeições diárias e acomodação num hostel, onde se podia acampar. Quem preferisse um quarto pagava R$ 300 a mais.

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