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Esquerda deve 'trocar pneu com carro andando' e não focar só em Lula, diz Manuela

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Se a esquerda quiser avançar nestas eleições, "deve trocar o pneu com carro andando, lembrando de "apontar saídas para a crise" em vez de centrar todos os esforços "no direito de Lula concorrer", diz a pré-candidata do PC do B

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 01.02.2018, 17:30:00 Editado em 01.02.2018, 17:30:02
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Se a esquerda quiser avançar nestas eleições, "deve trocar o pneu com carro andando, lembrando de "apontar saídas para a crise" em vez de centrar todos os esforços "no direito de Lula concorrer", diz a pré-candidata do PC do B à Presidência, Manuela D'Ávila, 36.

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E não é só o campo progressista que perderia com a instabilidade da candidatura do ex-presidente, que periga cair na Lei da Ficha Limpa após ter a sentença decretada por Sergio Moro ampliada em dois anos e meio pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região. A ausência do nome mais bem colocado nas pesquisas "agravará a crise", afirma a deputada.

Ser oposição ao governo não faz com que D'Ávila compactue com o que julga serem "ataques machistas" contra a indicada de Michel Temer ao Ministério do Trabalho e colega na Câmara, Cristiane Brasil (PTB) -que, em vídeo, aparece num barco envolta de amigos com torso nu. "A crítica não deve ser moral, por ser uma mulher em torno de dois ou três homens sarados."

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- Com sua condenação no TRF-4, a hipótese de Lula ser candidato até o fim é cada vez mais improvável. Qual o estrago para o campo da esquerda?

Lula é o principal líder popular do Brasil. Não creio que o impacto da instabilidade de sua candidatura se dê apenas na esquerda. Seja porque ele é o primeiro colocado em todos os cenários [da pesquisa Datafolha], seja porque, na nossa interpretação, é legítimo que possa disputar. A possibilidade de não figurar [no pleito] é antidemocrática não só por acharmos que ele foi julgado sem provas, mas também porque isso agravará a crise.

Antes especulava-se que, com Lula viável, o PC do B pudesse abrir mão de ter presidenciável. Algo muda?

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- Nossa pré-candidatura não tem relação com a hipótese de ele ser ou não candidato, mas com apontamentos de saídas para a crise.

Em entrevista ao jornal português "Avante", você diz que "os comunistas brasileiros não podem ficar reféns" de Lula estar ou não no páreo, que isso seria "fazer o jogo da direita".

O menino [o repórter] traduziu para o português de Portugal, não usei esse termo [reféns]. Isso dá uma alterada no conteúdo. Disse que a eleição tem que ser o debate de uma saída para crise. Se juntarmos todas as energias apenas na defesa de Lula... O que disse é que temos que trocar o pneu com carro andando, ou seja, defender o direito de Lula concorrer e apontar saídas para a crise.

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O Datafolha mostra que, sem Lula no páreo, nomes de centro e direita dominam. É um baque para a esquerda?

- Falta bastante para a eleição ainda. Outros cenários [que excluem o ex-presidente] são sem campanha intensa do próprio PT e de outros candidatos. É um registro do momento.

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Pois neste registro do momento, Jair Bolsonaro lidera, e Luciano Huck, mesmo sem se dizer candidato, chega a empatar com um político estabelecido, Geraldo Alckmin. Que leitura fazer disso?

- O povo busca saída para enfrentar a crise: 12 milhões de desempregados, violência crescente etc. Alguém que tente organizar uma força política em meio a incerteza e medo com o futuro, como é caso do Bolsonaro, segura bem. Mas, na hora do debate, qual vai ser sua proposta para segurança pública? Dizer que vai armar todo mundo é discurso de dono de fábrica de arma. Com Huck, tem essa vontade de as pessoas buscarem novidade.

Mas por que não buscá-la na esquerda?

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- Bolsonaro, Huck, Alckmin, todos estão aglutinados em torno do governo Temer. O que o povo sofrerá com as reformas [trabalhista e previdenciária] é o que essa turma defende. Apesar de disfarçar, são todos Temer, que só não foi no "Caldeirão do Huck", já girou toda a mídia brasileira...

A esquerda deve se pulverizar ou se unir para a eleição?

- No final de fevereiro, devemos lançar um programa comum com PT, PSB, que por ora tem Joaquim Barbosa como possível candidato, o PDT de Ciro, o PC do B comigo... O ideal é que estejamos unidos programaticamente e que partidos escolham as táticas que julgarem melhor. Nós sempre achamos melhor a construção de frentes.

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Testado no Datafolha, o ex-governador Jaques Wagner, um plano B do PT, tem 2%, e você, 3%. Seria mais estratégico se o PT abrisse mão de liderar uma chapa?

- Não gosto de opinar sobre o partido dos outros.

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Na esquerda, Ciro é o mais bem posicionado (até 13%). Seria um bom nome para agregar o campo?

- Ciro é grande amigo e candidato, mas hoje os partidos têm quatro candidaturas do nosso campo político.

Antes do julgamento de Lula, o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias, disse que não era hora para uma esquerda frouxa. Ela está?

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- Não sei a quem ele se referiu. PC do B tem 97 anos de zero frouxidão.

Os atos pela queda de Dilma foram maiores em público.

- Vi uma esquerda muito mobilizado e ativa. Problema é que o golpe foi muito bem articulado e intenso, não foi virtual moleza da esquerda. A gente não fez propaganda no "Jornal Nacional" [para chamar gente]...

Em vídeos no Facebook, você adota uma estratégia próxima a de youtubers. Tem um para "desmistificar" o capitalismo, outro sobre Temer no Silvio Santos...

- Tenho 36 anos. Meu primeiro mandato foi aos 22 [como vereadora em Porto Alegre]. Na época, a RBS [filiada da Globo no Rio Grande do Sul] fez um giro pelo plenário para apontar mau comportamento. Outro vereador, por beber chimarrão, e eu porque usava Orkut como forma de prestar contas do meu mandato. Nunca fiz política sem redes. Hoje faço por diversas razões: por algoritmo, por capacidade de distribuição e por preço também, pois é muito barato produzir vídeo para internet.

Você defendeu Cristiane Brasil pelos "ataques machistas, por aparecer ao lado de caras sarados", que ela sofreu após ela publicar um vídeo em alto-mar para se defender de condenação trabalhista.

- A gente precisa ser muito vigilante. Todos nós, em alguma instância, reproduzimos valores machistas. É muito natural que as pessoas confundam o absurdo que é uma candidata a ministra respondendo em tom jocoso críticas muito sérias. Mas a crítica não deve ser moral, por ser uma mulher em torno de dois ou três homens.

Como você, como pré-candidata, e o PC do B se posicionam sobre a crise na Venezuela?

- Nós respeitamos não só a Venezuela, mas a autodeterminação de todos os povos. O Brasil tem um papel estratégico na construção da paz na América Latina e no mundo.

Mas Nicolás Maduro é ou não é ditador para vocês?

- Defendo que o Itamarty tenha postura de respeito a autodeterminação da Venezuela -e do Uruguai, dos EUA... Que busque sempre a paz para todos. [Por trás dos conflitos,] há senhores da guerra ganhando muito dinheiro com isso.

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