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Por sobrevivência, esquerda tem 'trégua' e agenda comum

CATIA SEABRA E ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Sob bênção de Luiz Inácio Lula da Silva, partidos de esquerda buscarão uma estratégia conjunta de sobrevivência a partir da quarta-feira (24), data do julgamento do petista pelo Tribuna

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 21.01.2018, 08:00:00 Editado em 21.01.2018, 08:00:03
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CATIA SEABRA E ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Sob bênção de Luiz Inácio Lula da Silva, partidos de esquerda buscarão uma estratégia conjunta de sobrevivência a partir da quarta-feira (24), data do julgamento do petista pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre.

Com a possibilidade de a condenação do ex-presidente se manter, PT, PC do B, PDT e até PSB promovem uma "trégua eleitoral" e anteciparam para, após o Carnaval, o lançamento de um programa com vistas a uma aliança no segundo turno do pleito —ou mesmo no primeiro. O PSOL tem acompanhado as discussões na condição de observador.

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Fora PSB, todas essas legendas anunciaram (ou flertam com a ideia de) pré-candidatos —Manuela D'Ávila pelo PC do B, Ciro Gomes pelo PDT e Guilherme Boulos pelo PSOL.

Essa agenda —que inclui a defesa da soberania nacional e de reformas estruturais— permitirá que Lula discuta com dirigentes partidários uma saída para as esquerdas. A ideia, contudo, não é impor uma adesão ao PT. A pretexto dessa articulação, Lula deverá conversar pessoalmente com os pré-candidatos, desobstruindo o diálogo até com seu ex-ministro Ciro —que evitou assinar o manifesto "Eleição Sem Lula É Fraude".

Lançado em dezembro, o texto foi respaldado por D'Ávila e Boulos, além de nomes como Chico Buarque, Pepe Mujica, Noam Chomsky e até o deputado Paulinho da Força, que no impeachment de 2016 adaptou "Pra Não Dizer que Não Falei das Flores" para "Dilma, vai embora que o Brasil não quer você/E leva o Lula junto e os vagabundos do PT".

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Amigo de Lula, o ex-ministro Luiz Dulci é apontado como um canal com Ciro. Outra ponte, o presidente do PDT, Carlos Lupi, diz que Ciro sempre esteve aberto a esse encontro. "Mas este não é o momento." O próprio Lupi gravou um vídeo de desagravo a Lula.

TEST-DRIVE

Nos bastidores, o ex-presidente defende o direito de siglas "testarem" sua viabilidade eleitoral. Mas ele cita o próprio Ciro —com cerca de 12% nas pesquisas após tentar o Planalto duas vezes— como exemplo das dificuldades de suas candidaturas. Em março, Ciro disse à Folha de S.Paulo que, com Lula no páreo, via para si no máximo "um papel nobre" na disputa. "Vou lá para meus 12%, 15% no mínimo, mas daí dizer para o povo que acredito que vou ser presidente... Não consigo mentir desse jeito."

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Na terça (16), as fundações desses quatro partidos concluíram um documento batizado de "Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento". Em fevereiro, suas bancadas se reunirão no Congresso. O presidente da Fundação Perseu Abramo, Márcio Pochmann, admite que o cronograma foi adiantado após TRF-4 programar o julgamento para janeiro.

Ex-presidente do PC do B, Renato Rabelo diz que o debate servirá de base para uma unificação. Prometer resistência sem unidade ampla seria "bravata, uma visão primária". "Se a esquerda tiver uma base mínima referencial, poderá se juntar até no primeiro turno."

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"A expectativa é que haja uma trégua eleitoral em todo o campo democrático", diz o deputado Orlando Silva (PC do B), ex-ministro lulista e dilmista. "Tirar Lula no tapetão vai reforçar a instabilidade."

Vice-presidente do PT, Alexandre Padilha afirma que o "fura-fila" do TRF-4, que pôs o processo de Lula à frente de outros, "fez um bem para esse campo. A unidade pode culminar numa ampla frente".

Líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini reconhece que o endosso do PSOL "é mais difícil", lembrando que a sigla já dispensou o PT no palanque (como Marcelo Freixo com Lula em 2016). Cria de ex-petistas dissidentes, a sigla lançou nota crítica ao julgamento ("tentativa de consolidar o golpe de 2016"), mas reafirmou o ímpeto por "uma candidatura radical, popular e que aponte a necessidade de uma alternativa independente".

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O PT trabalha com três hipóteses após eventual condenação: a manutenção da candidatura de Lula, a busca de um plano B e uma remota possibilidade de boicote à eleição.

A definição da estratégia dependerá da decisão do TRF-4 e da reação popular. Se a corte não for unânime na manutenção da pena de nove anos e seis meses fixada pelo juiz Sergio Moro ou alterá-la, Lula poderá esticar sua candidatura até a data final de registro da chapa, em agosto.

Se a sentença for ratificada, o PT abrirá debate sobre um plano B. Principais apostas: o ex-governador da Bahia Jaques Wagner e o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad.

Segundo Lupi, alguns petistas acenam com a possibilidade de apoio a Ciro, tendo Haddad como vice. Pedetistas duvidam. Presidente da Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini, Manoel Dias diz que a candidatura de Ciro é "irreversível".

Apesar dessa afirmação, Dias prega a construção de uma unidade, algo "raro" no campo progressista. "Já se fez até piada, de que a esquerda só se unia na cadeia."

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