LUCAS VETTORAZZO
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Procuradores da força-tarefa da Lava Jato no Rio, Curitiba e São Paulo afirmaram nesta segunda-feira (27) que o ano que vem será determinante para as operações de combate à corrupção no país.
Eles divulgaram uma carta em que pedem que a população eleja políticos ficha limpa e identificados com a agenda anticorrupção.
O procurador Deltan Dallagnol, de Curitiba, negou que haja investigadores interessados em disputar as eleições. "Desconheço qualquer integrante da Lava Jato que queira lançar plataforma política. Não há tentativa de politizar um trabalho que é técnico, imparcial e apartidário", disse.
Em entrevista no Rio, os procuradores disseram que os três principais obstáculos à Lava Jato atualmente são o Congresso, o Executivo e os "entendimentos no Judiciário". Dallagnol evitou dizer que juízes ou sentenças têm atrapalhado as investigações.
"Dizemos que 2018 é a batalha final da Lava Jato. Não que ela tenha data para acabar, mas que ela depende do resultado das eleições para continuar. É importante que sejam eleitos candidatos com o passado limpo e identificados com a agenda anticorrupção", disse.
Os procuradores fizeram defesas dos mecanismos de colaboração premiada e se disseram preocupados com a possível volta do debate sobre a legislação de abuso de autoridade. Citaram como exemplos de medidas que enfraquecem a operação propostas de leis que anistiam o caixa dois.
Também destacaram como perigosas à operação discussões sobre a reforma do Código Penal, que poderiam abranger mudanças no instituto da delação premiada e a prisão somente após processos transitados em julgado.
O exemplo da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), que revogou a prisão de seus três integrantes, entre eles o presidente da Casa, Jorge Picciani (PMDB), segundo o procurador Eduardo El Hage, do Rio, mostra o interesse dos políticos em frear as investigações.
El Hage disse que as investigações estão próximas de alcançar pessoas que participaram do esquema do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) e que se encontram atualmente na gestão de Luiz Fernando Pezão (PMDB).
"A maior ameaça à Lava Jato é o Congresso nacional. Vide, por exemplo, o que ocorreu entre os parlamentares fluminenses que livraram da prisão políticos investigados e sobre os quais pairam grandes indícios de ilegalidade. Não existe resposta para isso que não seja nas urnas", criticou Dallagnol.
Questionados sobre as mudanças recentes na PF e na Procuradoria Geral da República, os procuradores evitaram polemizar. Segundo Carlos Fernando dos Santos Lima, de Curitiba, no caso da PF é preciso aguardar.
Com relação à nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ele disse que ela tem se manifestado positivamente em relação a questões da força tarefa.
Segundo os procuradores, até agora 416 pessoas foram acusadas pro crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ao todo, 144 réus foram condenados, 64 fases foram deflagradas, 1.100 mandados cumpridos. Há pelo menos 92 ações penais em tramitação fruto das investigações. Segundo eles, ao menos R$ 11 bilhões foram recuperados aos cofres públicos.
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