TALITA FERNANDES, GUSTAVO URIBE E THAIS BILENKY
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Depois de quase um mês de disputa entre duas candidaturas para a presidência do partido, o PSDB chegou a um acordo em torno do governador Geraldo Alckmin (SP).
Nesta segunda-feira (27), o senador Tasso Jereissati (CE) e o governador Marconi Perillo (GO) retiraram seus nomes da disputa, em favor do tucano paulista.
Conforme antecipou a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, o acordo entre os três seria selado em um jantar no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, com a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, encontro que não havia terminado até as 21h desta segunda (27).
A costura dá poder e fortalece o nome de Alckmin como pré-candidato ao Planalto em 2018 pelo PSDB.
Alckmin já vinha indicando que aceitaria ser candidato ao comando da sigla se Tasso e Perillo saíssem da disputa. O primeiro sinal veio de Tasso, com quem o governador paulista conversou na última quinta (23).
No domingo, Perillo esteve em São Paulo a convite do ministro Gilberto Kassab (Comunicações), presidente nacional do PSD, para um jantar com o presidente da Petrobras, Pedro Parente. Foi então chamado por Alckmin para uma conversa no Palácio dos Bandeirantes.
O governador de Goiás disse que consultaria o seu grupo de apoio, mas que seria natural apoiar o pleito do governador paulista. "Seria incoerente da minha parte, seria ilógico se, depois de pregar a unidade o tempo inteiro, não tivesse disposição de colaborar na busca do consenso", disse Perillo à Folha.
De olho nas eleições, Alckmin quer chegar a 2018 com um partido unido, mas teme que a decisão dos candidatos em seu favor resulte em unidade apenas "da boca para fora".
O PSDB está rachado diante das divergências em torno do apoio do partido ao governo Michel Temer e às medidas defendidas por ele.
A ala liderada por Tasso adota uma postura contundente de críticas ao governo e propõe que o partido faça um discurso de "mea culpa", criticando a prática de troca de cargos por apoio político.
Já a candidatura de Perillo havia sido costurada com o apoio do senador Aécio Neves (MG), licenciado da presidência do PSDB desde que se tornou alvo da delação da JBS, em maio deste ano.
Alckmin considera a postura adotada por Tasso como "radical" e temia que o tom de críticas levasse o PSDB a um "isolamento" em 2018.
Atento às movimentações partidárias, o tucano já vislumbra alianças com outras legendas, buscando fortalecer sua possível candidatura.
Ao saber da costura de um acordo, Aécio comentou a "saída Alckmin" defendendo que o tucano se aproxime de outras legendas com foco na disputa presidencial de 2018.
"Apesar do indiscutível mérito das duas candidaturas colocadas, se o governador Geraldo Alckmin se dispuser a cumprir esse papel, o PSDB estará em ótimas mãos", afirmou em nota.
"Caberá ao futuro presidente do partido ampliar a interlocução com outras correntes políticas com as quais temos proximidade ideológica, o que é essencial para que o PSDB possa liderar uma grande coalizão de centro para vencer as eleições do ano que vem."
A convenção do PSDB está marcada para 9 de dezembro. Na data será selado o comando do partido pelos próximos dois anos, incluindo o período eleitoral.
O presidente interino do PSDB, Alberto Goldman, lembrou, porém, que na convenção do partido, outros nomes poderão postular a presidência do partido. "Nada faz crer que haverá, mas nada impede. O diretório é soberano", afirmou. "Dessa reunião [jantar no Bandeirantes], sai um acordo, não sai o presidente."
'MANOBRAS'
Autodeclarado pré-candidato tucano à Presidência, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, chamou de "manobras da cúpula" as negociações que abriram caminho para que Alckmin assuma o comando do PSDB.
"O partido está ficando viciado em perder em segundo lugar no segundo turno. Agora, parece que está querendo perder e não ir pro segundo turno", disse à Folha, nesta segunda-feira (27). Virgílio tem defendido a tese que o partido não deveria ser liderado por pré-candidatos e quer a realização de prévias.
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