ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Para o governador paulista Geraldo Alckmin, o momento era de "união e unidade". Mas, com gritos de "fora, Aécio", a convenção estadual do PSDB-SP, realizada no domingo (12), na Assembleia Legislativa paulista, mostrou que o racha no tucanato não cicatrizou.
O mestre de cerimônias bem que tentou: "Quero que você abrace a pessoa ao seu lado e fale: 'Eu amo o PSDB'". Mas o clima paz e amor dissipava rápido quando o nome do senador mineiro era evocado.
"Ele deveria colocar o pijama e voltar para a casa", disse Pedro Tobias, reconduzido no dia à presidência do diretório paulista, sobre Aécio Neves. "Quieto ele ajuda mais."
Entre as últimas bicadas internas, destacam-se a permanência do PSDB no governo Michel Temer e a manobra de Aécio para reassumir a presidência nacional da legenda, destituir o senador Tasso Jereissati (CE) da interinidade e indicar o ex-governador Alberto Goldman para o cargo.
No sábado (11), na convenção do PSDB-MG, Aécio disse, sem especificar qual cargo disputaria, que seu nome no pleito de 2018 é garantido.
O espaço que Aécio, envolvido na Lava Jato, reconquistou no partido é danoso, segundo Tobias. "Compra caixão, se sobrar caixão por aí."
O vereador Mario Covas Neto disse ter cogitado abandonar o PSDB, mas suspendeu a decisão por ora. "O ideal será esperar a convenção nacional [em dezembro]" para ver que rumo o tucanato tomará, afirmou. "Se saio agora, o grupo fisiológico ganha mais força."
Na semana passada, Tasso acusou Aécio de "fisiologismo", e o senador rebateu dizendo que rechaça a "pecha".
Alckmin pediu para "aguardar" o desfecho da convenção nacional quando questionado se assumiria a presidência do PSDB para pacificar a sigla. Seria, disse, uma "decisão coletiva do Brasil", num pleito que já conta com "dois pré-candidatos": Tasso e o governador de Goiás, Marconi Perillo.
Já a disputa interna entre ele e João Doria, para ver quem será o presidenciável tucano em 2018, parecia página virada na convenção. "Estamos juntos", disse o prefeito quando a dupla desembarcou de uma van que trouxe também Goldman, José Serra e José Aníbal.
Estiveram, mas não por muito tempo: Doria saiu no meio do evento direto para o Grande Prêmio de Fórmula 1. Antes, disse que aquela era a "convenção da pacificação".
Na plateia, uma militante tucana cotovelou a amiga: "Primeiramente, fora Aécio".
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