CATIA SEABRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encaminhou nesta segunda-feira (25) ao juiz Sergio Moro cópias de 26 recibos que, segundo os advogados, comprovam o pagamento de aluguel do apartamento vizinho ao que o petista mora em São Bernardo do Campo (SP).
Os recibos são referentes a cinco anos de aluguel. Há ainda a cópia de um contrato firmado com o proprietário, Glaucos da Costamarques, em fevereiro de 2011.
O primeiro recibo apresentado, no valor de R$ 3.500, tem data de 5 de agosto de 2011. O seguinte é de 5 de março de 2012, de R$ 3.660.
Quatro são referentes a 2013, quando o valor do aluguel teria sido ajustado para R$ 3.950. Os recibos referentes a março, julho, agosto e setembro de 2014 registram um valor de R$ 4.170. Em 2015, ainda segundo os recibos, o valor foi ajustado para R$ 4.300.
Segundo a defesa, esses foram os recibos encontrados.
Em audiência no último dia 13, Moro demonstrou contrariedade com o fato de o petista não ter apresentado os recibos de aluguel desde a apresentação da denúncia, em dezembro de 2016. O juiz insistiu no assunto e recomendou que os comprovantes fossem anexados logo.
Na denúncia, o Ministério Público Federal diz que Lula não pagou pela locação do imóvel, comprado por Costamarques em 2010, e ligou o caso ao recebimento de propina pela Odebrecht.
Em depoimento no início do mês, Costamarques afirmou que só recebeu os aluguéis a partir de 2015, após a prisão do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo em comum dele com Lula.
Na época da aquisição do imóvel, Costamarques recebeu dinheiro da empresa DAG Construtora, apontada como ligada a Odebrecht.
Além do uso do apartamento, a mesma denúncia do Ministério Público Federal trata da suposta compra de um terreno para a construção da sede do Instituto Lula, em São Paulo, com dinheiro desviado de contratos da Petrobras.
"A força-tarefa da Lava Jato elegeu artificialmente uma relação privada de locação entre o sr. Glaucos da Costamarques (locador) e D. Marisa Letícia Lula da Silva (locatária), envolvendo o citado apartamento como algo relevante para a acusação", diz petição apresentada pelo advogado Cristiano Zanin Martins.
Os advogados afirmam que os documentos apresentados comprovam que o apartamento não pertence a Lula e que constituem "prova da inocência" do ex-presidente.
No depoimento a Moro, o ex-presidente disse que quem cuidava de contas pessoais do casal era Marisa, que morreu em fevereiro, e afirmou que nunca houve nenhuma reclamação sobre falta de pagamento da locação.
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