LEANDRO COLON, BELA MEGALE E JOSÉ MARQUES
BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal e a PGR (Procuradoria-Geral da República) receberam, segundo a reportagem apurou, uma sinalização de que Joesley Batista e Ricardo Saud, da J&F, dona da JBS, podem se entregar.
A prisão de ambos foi decretada pelo ministro Edson Fachin, atendendo a pedido do procurador-geral, Rodrigo Janot.
Advogados dos delatores indicaram aos investigadores que, após a ciência oficial do mandado de prisão, os seus clientes estão dispostos a comparecer à Polícia Federal, em Brasília ou São Paulo. Com isso, evitariam uma operação policial em suas casas.
A prisão é temporária, ou seja, com prazo de cinco dias, mas podendo ser prorrogada ou se transformar em preventiva.
Fachin negou estender a medida ao ex-procurador Marcello Miller. Os pedidos de prisão dos três foram feitos por Janot na sexta (8).
Na manhã deste domingo (10), houve pouco movimento em frente à casa do empresário, num bairro nobre da zona oeste de São Paulo. Até as 13h, três carros saíram do imóvel o último deles, um Porsche, dirigido pela jornalista Ticiana Villas Boas, mulher de Joesley.
Os carros seguiram em direção a outro imóvel próximo à avenida Paulista, ligado à família dele. Joesley não foi visto.
Em frente à casa, aguardam apenas equipes de reportagem. Durante a manhã, eventuais curiosos passaram de carro ou a pé e filmaram o local com celulares ou tiraram fotos.
Também dirigindo um Porsche, um homem que não se identificou gritou xingamentos contra o empresário e disse que ele "é pior que traficante". Um ciclista gritou "cadê a mala de dinheiro?"
GRAVAÇÃO
Na última segunda-feira (4), Janot anunciou a abertura de investigação para apurar possíveis irregularidades nas negociações da colaboração firmada com o Ministério Público.
O centro da crise é uma gravação, datada de 17 de março, em que Joesley e Saud indicam possível atuação de Miller no acordo de delação quando ainda era procurador ele deixou o cargo oficialmente em 5 de abril. O áudio foi entregue pelos delatores no dia 31 de agosto.
Para a equipe de Janot, houve patente descumprimento de dois pontos de uma cláusula do acordo de delação que tratam de omissão de má-fé, o que justificaria rever os benefícios.
Os três, Joesley, Saud e Miller prestaram depoimentos entre quinta (8) e sexta (9). Janot não se convenceu dos argumentos. Para ele, há indícios fortes de que Miller participou sim da elaboração do acordo de colaboração.
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