MARINA DIAS
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Com a expectativa de ser atingido, nos próximos dias, por uma nova denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República, o presidente Michel Temer estuda antecipar seu retorno da China.
Auxiliares de Temer admitem que o presidente pode voltar antes do dia 6 de setembro da reunião da cúpula dos Brics para iniciar a articulação política e tentar, mais uma vez, barrar o avanço da denúncia contra ele na Câmara. Além disso, o presidente quer acompanhar de perto a elaboração de sua defesa jurídica da acusação formal por obstrução de Justiça e formação de quadrilha.
Na China para a reunião da cúpula dos Brics -grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul-, o presidente discute com assessores se participa ou não de toda a programação, que vai de domingo (3) a terça-feira (5). A ideia era que o peemedebista cumprisse a agenda na Ásia e retornasse ao Brasil para participar do desfile de 7 de Setembro, em Brasília.
Temer já havia esvaziado sua comitiva à China para que seus principais ministros acompanhassem a evolução da votação de pautas importantes no Congresso e fizessem a defesa do governo caso o procurador-geral, Rodrigo Janot, apresentasse a segunda denúncia contra ele.
O Palácio do Planalto espera que Janot apresente a peça antes de deixar o cargo, em 17 de setembro.
Os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral), Henrique Meirelles (Fazenda) e Eliseu Padilha (Casa Civil), este inicialmente previsto na comitiva à China, permaneceram em Brasília.
A votação da revisão da meta fiscal e as negociações em torno de uma nova proposta do Refis eram cruciais para a equipe econômica, e Temer e Meirelles avaliaram que era melhor que o ministro cuidasse pessoalmente desses temas.
CLIMA POLÍTICO
Aliados do presidente avaliam que, às vésperas da segunda denúncia, o clima no Congresso é de "mau humor" com o Planalto. Parlamentares de partidos da base afirmam que não tiveram suas demandas completamente atendidas mesmo depois de ajudarem a barrar a primeira denúncia contra Temer, por corrupção passiva, na Câmara no início do mês.
O centrão é o principal foco de insatisfações e pressiona o presidente, inclusive, para demitir o ministro da articulação política, Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo).
A avaliação de integrantes da cúpula do Congresso é a de que Temer gastou muito capital político para pagar emendas e distribuir cargos aos aliados para se salvar na primeira denúncia. Agora, com o Orçamento mais magro e menos cargos para diminuir, a fatura ficou mais alta.
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