SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ao menos seis armas de fogo foram usadas por policiais na chacina que vitimou dez trabalhadores rurais num acampamento de Pau D'Arco (PA), a 875 km de Belém, aponta perícia da Secretaria de Segurança paraense e da Polícia Federal.
O laudo será incorporado no relatório da PF sobre o caso, ocorrido no dia 24 de maio. No total, 29 policiais participaram da ação.
Segundo a perícia, a ação ocorreu entre as 6h e 7h, quando os policiais foram à fazenda Santa Lúcia, em Pau D'Arco, para cumprir 14 mandados de prisão contra um grupo sem-terra que estava acampado no local.
Os assentados, de acordo com o laudo, viram a polícia se aproximar e fugiram para uma área densa da propriedade. Os policiais seguiram os rastros e os encontraram abrigados sob uma lona, se protegendo da chuva.
Nesse momento, os policiais, comandados pelo tenente-coronel Carlos Kened Gonçalves de Souza, dispararam vários tiros em direção à lona.
Na apresentação do laudo, nesta segunda (28), o secretário de Segurança Pública do Pará, Jeannot Jansen, disse que os policiais ficarão afastados de suas atividades.
Os 13 policiais envolvidos na ação -11 militares e dois civis- foram presos em julho e soltos, por decisão judicial, em agosto.
Eles são acusados pelo Ministério Público do Estado do Pará de terem executado os trabalhadores sem-terra no acampamento da fazenda Santa Lúcia, sem chance de defesa.
O desenrolar do caso de Pau D'Arco foi acompanhado por entidades como a ONG Justiça Global, que considerou que o laudo "constata o óbvio, foi crime de Estado" e "não esgota as investigações".
"É essencial que a responsabilidade de todos aqueles que estavam no dia seja apurada", afirma nota da entidade.
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