LUIZA FRANCO E GUSTAVO URIBE
RIO DE JANEIRO, RJ, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O Movimento Vem Pra Rua, um dos que encabeçaram os protestos pelo impeachment de Dilma Rousseff em 2016, faz neste domingo (27) um "tour da corrupção" no Rio de Janeiro.
O ato tem o formato de uma caminhada com paradas em frente aos prédios onde moram Dilma (PT), em Copacabana, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), em Ipanema, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ), no Leblon, e o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ), também no Leblon.
Outras manifestações foram programadas pelo Vem pra Rua para este domingo em 22 cidades, como Brasília e São Paulo. Os participantes protestam contra a impunidade e a criação do fundo eleitoral discutida pelos deputados na reforma política.
No Rio, vestindo verde e amarelo, os manifestantes reclamam de políticos de diversos partidos. Também criticam o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes. Na última semana, ele determinou a soltura de três investigados da Operação Ponto Final, desdobramento da Lava Jato no Rio.
Ao chegar em frente ao prédio onde Aécio tem um apartamento, os manifestantes cantaram o hino nacional. Um membro do Vem pra Rua leu uma carta aberta ao senador.
"Aécio, em 2014 te demos um voto de confiança. Recebemos em troca um investigado na Lava Jato. Não tem espaço para você em 2018", dizia trecho do texto.
O senador foi gravado pelo empresário Joesley Batista pedindo R$ 2 milhões.
A Polícia Militar do Rio não divulga números de público em manifestações. A Guarda Municipal, que acompanha o ato, estima que haja cerca de mil pessoas.
Também são alvos dos participantes a proposta de implantação do distritão e o retorno do imposto sindical.
O líder do movimento, o colunista da Folha de S.Paulo Rogerio Chequer, disse ao UOL que o MBL (Movimento Brasil Livre), parceiro do Vem pra Rua em atos anteriores, foi convidado para se juntar ao ato, mas recusou.
Reportagem da Folha mostrou que a bancada jovem do PSDB deve se unir ao MBL para as eleições de 2018, dentro ou fora do PSDB.
A última vez que os dois grupos protestaram juntos foi em março, em atos de baixa adesão.
'AMIGO BANDIDO'
Em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, manifestantes com cartazes e faixas chamaram de "imoral" e "fantasioso" o modelo do distritão, discutido pela Câmara dos Deputados na reforma do sistema eleitoral.
Pela proposta, os candidatos mais votados seriam eleitos, o que é considerado ameaça à renovação e visto como estratégia dos atuais ocupantes de cargos para se reelegerem.
"Nós não concordamos com o distritão, porque ele vai favorecer os que já estão eleitos", disse Celina Ferreira, representante do Vem pra Rua.
Sob gritos de "fora, Gilmar", eles também protestaram contra o ministro do STF, por causa de habeas corpus a pedidos de prisão determinados pelo juiz Marcelo Bretas, do Rio.
Em cartaz, um manifestante pediu que o Supremo "não solte amigo bandido".
Segundo a Polícia Militar, cerca de 200 pessoas compareceram ao protesto. Para os organizadores, estiveram presentes 360 pessoas.
Além do Vem pra Rua, participaram os movimentos Bloco Brasil e Rua Brasil. Os manifestantes estenderam uma bandeira do Brasil em frente à sede do Poder Legislativo e levantaram balões pretos.
A manifestação também protestou contra a impunidade e contra políticos citados na Operação Lava Jato, como o presidente Michel Temer (PMDB) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os participantes pediram a saída do peemedebista do cargo e a prisão do petista. Eles montaram ainda a reprodução de um cemitério, com nomes como o dos ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Eliseu Padilha (Casa Civil).
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